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FRAX BRASIL: O ginecologista deve usar na prática clínica?

Quarta, 12 Julho 2017 10:29
A osteoporose é a doença do metabolismo ósseo mais comum, afetando cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo. A fratura por fragilidade, sua consequência mais temida, é a principal causa de diminuição da qualidade de vida, morbidade e mortalidade na pós-menopausa. Entretanto, identificar mulheres com risco de fratura e que se beneficiarão do tratamento farmacológico é desafiador. Metodologias de seleção são falhas, sendo intenso o debate atual sobre o tratamento excessivo versus deficiente. A definição da probabilidade de fratura em termos absolutos, utilizando fatores de risco clínicos e avaliação da densidade óssea, com auxílio de ferramentas clínicas, é a forma atual mais utilizada na seleção de indivíduos para tratamento. O ginecologista precisa conhecer e dominar esta abordagem para realizar uma boa assistência às mulheres com osteoporose1.
 
Os principais fatores de risco associados à perda de massa óssea são a idade avançada, o sexo feminino, o período da pós-menopausa, o baixo índice de massa corpórea, fratura por fragilidade prévia, história familiar de fratura, vida sedentária, fumo e uso de glicocorticóides. Estes fatores de risco podem predizer a possibilidade de fratura de forma independente ou parcialmente dependente da densidade mineral óssea (DMO). Alguns fatores podem ser usados para a avaliação do risco de fratura mesmo na ausência da DMO. Desta forma a determinação criteriosa e a validação dos principais fatores de risco para a osteoporose podem melhorar a predição de fraturas e permitir uma melhor seleção de pacientes para tratamento. 2

Visando melhorar a identificação dos indivíduos com risco de fratura, foram criados modelos de ferramentas clínicas que combinam a idade e o gênero com fatores de risco clínico para estimar o risco de fratura nos próximos cinco ou dez anos.3 Dentre elas, o Fracture Risk Assessment Tool (FRAX), desenvolvida pela organização mundial de saúde é a mais utilizada.4 Este modelo, disponível na internet, estima a probabilidade de fratura de quadril e “fraturas maiores” (fraturas vertebrais clínicas, antebraço, quadril e ombro)  nos próximos 10 anos. É individualizado para cada indivíduo e pode ajudar a identificar os candidatos à farmacoterapia. 5

Os dados utilizados no FRAX são: idade (com data do nascimento), sexo, peso, altura, fatores de risco e o valor da DMO do colo femoral se disponível. Os modelos do FRAX são específicos para cada país e baseados em estudos epidemiológicos nacionais. Desta forma ao acessar a ferramenta no computador é necessário escolher o país ao qual pertence o paciente. 2

Diversos países utilizam esta ferramenta para decidir a conduta terapêutica. 6,7-11 Nos Estados Unidos (EUA) a National Osteoporosis Foundation, por exemplo, indica tratamento farmacológico para mulheres com T-score inferior a -1,5 dp e superior a -2.5 dp, se a probabilidade de fratura nos próximos dez anos, determinada no Frax, for superior a 3% no quadril ou 20% nas “fraturas maiores”. Estes valores de corte indicativos de tratamento são baseados em análises de fármaco-economia e nas taxas de fratura e mortalidade daquele país.12 A concepção desta ferramenta e os valores de corte terapêuticos devem ser baseados nos dados e características da população de cada pais.13 

O FRAX brasileiro esta disponível para uso clínico desde 2013.2 Há questionamentos epidemiológicos, principalmente relacionados ao tamanho e heterogeneidade dos quatro estudos que serviram como banco de dados para sua concepção, e até o momento, não está definido o valor da probabilidade no qual haveria indicação de intervenção, o que diminui sua relevância na prática clínica. 2,14 Porém, deve-se considerar que a formatação desta ferramenta é dinâmica e evolutiva, sendo possível a inclusão futura de estudos epidemiológicos ou fatores de risco, que melhorem sua acurácia. Além disto, há a expectativa de definição do valor de intervenção específico para a população brasileira.2 Ressalta-se, que o FRAX tem a função primordial de auxiliar e não de abolir ou se sobrepor ao julgamento clínico do médico na sua decisão terapêutica. Por fim, consideramos que esta ferramenta agrega informações que podem ser úteis ao ginecologista na avaliação de suas pacientes e encorajamos o seu uso na prática clínica.

Como utilizar o FRAX?

Acessar o FRAX no Google ou diretamente no site http://www.shef.ac.uk/FRAX

  • Clicar em Bem vindo ao Frax – Universityof Sheffield (se via Google)
  • Aparecerá a tela Frax Instrumento de Avaliação do risco de fratura da OMS em uma faixa vermelha superior. Clique em Instrumento de Cálculo logo abaixo.
  • Será aberta então uma pequena tela com o nome dos continentes. Clique em América Latina e aparecerão os países que já constam do Frax na AL.
  • Clique em Brasil e surgirá a tela do Modelo Brasileiro com a Bandeira de nosso país
  • Entre com os dados de seu paciente e as respostas aos sete fatores de risco mais o resultado da densitometria do colo do fêmur. Se não for possível conhecer a densidade óssea do colo do fêmur o Frax pode ser utilizado da mesma forma com o IMC.
  • O Frax fornecerá, em porcentagem, o risco para uma fratura maior por osteoporose (fatura clinica vertebral, antebraço, úmero e quadril) e também, em separado, o risco para uma fratura do colo do fêmur nos próximos 10 anos.2
frax 2




Referências:

  1. Gehlbach S, Saag KG, Adachi JD, et al. M. Rossini, S. Adami, F.. J Bone Miner Res. 2012; 27: 645-53
  2. Zerbini CA, Szejnfeld VL, Abergaria BH, McCloskey EV, Johansson H, Kanis JA. Incidence of hip fracture in Brazil and the development of a FRAX model. Arch Osteoporos. 2015;10:224-35.
  1. Jarvinen TLN, Michaelsson K, Aspenberg P, Sievänen H. Osteoporosis: the emperor has no clothes. J Intern Med. 2015; 277: 662–673.
  1. Kanis JA. WHO SCIENTIFIC GROUP ON THE ASSESSMENT OF OSTEOPOROSIS AT PRIMARY HEALTH CARE LEVEL. World Health Organization Scientific Group. WHO Collaborating Center for Metabolic Bone Diseases. University of Sheffield, 2008; available from: http:// who.int/chp/topics/Osteoporosis.pdf
  1. Kanis JA, Hans D, Cooper C, et al. Interpretation and use of FRAX in clinical practice. Osteoporos Int. 2011; 22: 2395-411.
  1. Dawson-Hughes B, Tosteson AN, Melton LJ 3rd, Baim S, Favus MJ, Khosla S et al. Implications of absolute fracture risk assessment for osteoporosis practice guidelines in the USA.Osteoporos. Int. 2008;19: 449–458
  1. Association Suisse contre l‘Ostéoporose. Ostéoporose: Recommandations 2010. ASCO. Available from: http://www.svgo.ch/content/ documents/SVGO_Empfehlungen2010_V19April2010.pdf.
  1. Compston J, Cooper A, Cooper C, Francis R, Kanis JA, Marsh D et al. Guideline for the diagnosis and management of osteoporosis in postmenopausal women and men from the age of 50 years in the UK. Maturitas 2009; 62:105–108
  1. Czerwinski E, Kanis JA, Trybulec B, Johansson H, Borowy P, Osieleniec J et al. The incidence and risk of hip fracture in Poland. Osteoporos Int 2009; 20:1363–1367
  1. Badurski JE, Kanis JA, Johansson H, Dobrenko A, Nowak NA, Daniluk S et al. The application of FRAX® to determine intervention thresholds in osteoporosis treatment in Poland. Pol Arch Med Wewn 2011; 121:148–155
  1. Fujiwara S, Nakamura T, Orimo H, Hosoi T, Gorai I, Oden A et al. Development and application of a Japanese model of the WHO fracture risk assessment tool (FRAX). Osteoporos Int 2008;19:429–435
  1. Cosman F, de Beur SJ, LeBoff MS, Lewiecki EM, Tanner B, Randall S et al. Clinician’s Guide to Prevention and Treatment of Osteoporosis Osteoporos Int. 2014; 25(10): 2359–2381.
  1. Pinheiro MM, Camargos BM, Borba Victoria ZC, Lazaretti-Castro M. FRAX: construindo uma ideia para o Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/6
  1. Urbanetz AA. FRAX – Aplicação Prática. Revista virtual da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. 2013 Available from: http://www.sbrh.org.br.



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