×

Atenção

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 257

Efeito da Suplementação Isolada de Vitamina D Sobre a Remodelação Óssea em Mulheres na Pós-Menopausa

Quinta, 22 Junho 2017 17:46
Com a crescente elevação da sobrevida, observa-se aumento de doenças relacionadas ao envelhecimento da mulher. Entre essas doenças se destaca a osteoporose. A principal conseqüência clínica da osteoporose é a fratura, que ocorre principalmente em colo de fêmur, vértebras e punho1 . A maioria dos casos de osteoporose ocorre em mulheres na pósmenopausa, e a prevalência da doença aumenta com a idade, de 4% em mulheres entre 50 a 59 anos para 52% em mulheres com idade superior a 80 anos2 . O osso constitui um tecido metabolicamente ativo que sofre processo contínuo de renovação e reabsorção óssea. Esse processo dinâmico é chamado de remodelação óssea. Nas mulheres, com o início da menopausa, a taxa de reabsorção aumenta, elevando o impacto do desequilíbrio da remodelação óssea3 . A perda de massa óssea inicia-se cerca de 2 a 3 anos antes da última menstruação, e mantém-se por 3 a 4 anos após a menopausa. Nesse período, as mulheres perdem 2% de osso ao ano2 . A evidência crescente sugere que a rápida remodelação óssea (medida por marcadores bioquímicos de reabsorção óssea ou formação) aumenta a fragilidade óssea e risco de fratura osteoporótica4 .

Os marcadores de formação e reabsorção ósseas derivados do colágeno podem ser úteis no diagnóstico e acompanhamento de uma série de doenças caracterizadas por alterações do metabolismo ósseo5,6 . Os marcadores da formação óssea são enzimas ou produtos diretos ou indiretos (pro-colágeno) de osteoblastos ativos, e geralmente são caracterizados por moderada variabilidade biológica. Entre os marcadores de formação óssea destacam-se a osteocalcina (OC), a fosfatase alcalina óssea (FAO), fragmentos carboxiterminais (P1CP) e mais recentemente o fragmentos amino-terminais (P1NP) do pró-colágeno tipo I. As moléculas interligadoras do colágeno tipo I são atualmente os melhores marcadores bioquímicos da reabsorção óssea sendo representadas pelos telopeptídeos carboxiterminal (CTX) e aminoterminal (NTX). 7-9

A vitamina D (VD) é essencial para a manutenção do esqueleto e para a absorção de cálcio. A VD tem papel importante na mineralização óssea, na concentração de cálcio/fósforo e na regulação da paratireóide10 . Atualmente, a dosagem de 25OH Vitamina D é a mais adequada para se avaliar e monitorizar o status nutricional de VD no organismo humano, pois os valores plasmáticos são os principais indicadores das reservas corporais19,20 . Estudos que analisam a relação entre saúde óssea e VD estimam que a concentração desejável de 25OH Vitamina D é no mínimo de 30 a 40 ng/ml, sendo que valores inferiores podem ocasionar um hiperparatiroidismo secundário com consequente prejuízo a densidade mineral óssea23,24 . Na maioria dos estudos randomizados e controlados sobre o efeito da suplementação VD sobre a massa óssea utilizaram a VD associada ao cálcio, o que torna difícil separar os efeitos atribuíveis especificamente à VD.

Nahas e col, em ensaio clínico inédito, randomizado, duplo-cego e placebo controlado, envolvendo mulheres de 50-65 anos, com deficiência de vitamina D, com data da última menstruação de pelo menos um ano, com densitometria óssea evidenciando T-score maior ou igual - 1,5 DP (no máximo osteopenia leve), selecionando 70 mulheres do grupo de vitamina D e 69 pertencentes ao grupo placebo. Na comparação das características clínicas, antropométricas e laboratoriais iniciais os grupos foram homogênios. Após 10 meses de intervenção, foi observado que a concentração de vitamina D foi maior no grupo tratado do que no grupo placebo, demonstrando aderência a suplementação de 1000 UI de vitamina D diariamente (p<0,0001). Os marcadores de remodelação óssea (CTX e P1NP) diminuíram significativamente (p <0,001 e p=0,003, respectivamente). Concluímos que, em mulheres na pós-menopausa, com deficiência de vitamina D, a suplementação diária e isolada de 1000 UI de vitamina D por 10 meses, repercutiu com redução no processo de remodelação óssea.15



Referências
1- Cummings SR, Melton LJ. Epidemiology and outcomes of osteoporotics fractures. Lancet 2002;359:1761-7;
2- NAMS- Management of osteoporosis in postmenopausal women: 2010 position statement of The North American Menopause Society. Menopause 2010; 17:25-54;
3-Riis BJ. The role of bone turnover in the pathophysiology of osteoporosis.Br J Obstet Gynaecol 1996;103:9-15;
4- NOF- Clinician’s Guide to Prevention and Treatment of Osteoporosis Developed by the National Osteoporosis Foundation. 2010;
5- Saraiva GL, Larazetti-Castro M. Marcadores Bioquímicos da remodelação óssea na prática clínica. Arq Bras Endocrinol Metab 2002; 46(1):72-8.
6- Vasikaran SD, Glendenning P, Morris HA. The role of biochemical markers of bone turnover in osteoporosis management in clinical practice. Clin Biochem Rev 2006; 27(3):119-21;
7- Garnero P, Vergnaud P, Hoyle N. Evaluation of a fully automated serum assay for total N-terminal propeptide of type I collagen in postmenopausal osteoporosis. Clin Chem 2008;54:188–96;
8-Funck-Brentano T, Biver E, et al. Clinical utility of serum bone turnover markers in postmenopausal osteoporosis therapy monitoring: a systematic review. Semin Arthritis Rheum 2011;41(2):157-69;
9- Koivula MK, Risteli L, Risteli J. Measurement of aminoterminal propeptide of type I procollagen (PINP) in serum. Clinical Biochemistry 2012;45:920–927;
10- Rosen CJ. Vitamin D Insufficiency.N Engl J Med 2011;364:248-54;
11- Dawson-Hughes B, Heaney RP, Holick MF, Vieth R, Dawson-Hughes B, Heaney RP.. Estimated of optimal vitamin D status. Osteoporos Int 2005;16(7):713-6;
12- Holick MF . The D-lemma: To Screen or Not to Screen for 25- Hydroxyvitamin D Concentrations. Clin Chemistry 2010;56:729–731;
13- Holick MF. Vitamin D deficiency. N Engl J Med 2007;357(3):266-81;
14- Lips P. Vitamin D deficiency and secondary hyperparathyroidism in the elderly: consequences for bone loss and fractures and therapeutic implications. Endocr Rev 2001;22(4):477-50;
15 – Nahás JN et al. Effect of Isolated Vitamina D Supplemetation on the Bone Turnover Markers in Postmenopausal Women: randomized, doubleblind, placebo controlled trial. 20th Annual Meeting, Orlando, 2016, P-6.

Mais conteúdos

FEBRASGO vai a Belo Horizonte para o CMGO 2025

FEBRASGO vai a Belo Horizonte para o CMGO 2025

Presidido pela Dra. Inessa Beraldo de Andrade Bonomi, o 27º Congresso ...
Menopausa: Cerca de 17 milhões de mulheres no Brasil estão no climatério

Menopausa: Cerca de 17 milhões de mulheres no Brasil estão no climatério

Especialista da FEBRASGO responde às principais dúvidas   Ginecologista da ...
Nota de falecimento Dr. Paulo Cesar Serafini

Nota de falecimento Dr. Paulo Cesar Serafini

Dr. Paulo Cesar Serafini foi pioneiro na Reprodução Assistida ...
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Todos os direitos são reservados.

Políticas de Privacidade e Termos De Uso.

Aceitar e continuar no site