Vacina Contra a Dengue
Quarta, 14 Junho 2017 10:22
O número de casos de dengue reportados anualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), aumentou de 0,4 para 1,3 milhões entre 1996 e 2005, alcançando 2,2 milhões em 2010 e 3,2 milhões em 2015. Acredita-se que esses números são ainda maiores devido à subnotificação. Nos últimos anos, baseado em modelos matemáticos, a incidência anual global tem sido estimada em 50 a 100 milhões de casos sintomáticos, predominantemente na Ásia, América Latina e África. Em 2013, a forma severa da dengue foi responsável por aproximadamente 3,2 milhões de casos, com nove mil mortes, sendo a maioria ocorrendo em países não desenvolvidos ou em desenvolvimento [1].
Os vírus da dengue são RNA vírus, membros da família Flaviviridae, com 4 sorotipos (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). Todos sorotipos circulam globalmente e, nos últimos anos, existem relatos de alguns países onde a dengue é endêmica, da circulação dos 4 sorotipos ao mesmo tempo [2].
A transmissão ocorre através de um vetor, o mosquito Aedes (o aegypti é o principal vetor da doença no Brasil) que, se contamina ao picar uma pessoa infectada e retransmite o vírus ao picar outras pessoas, enquanto ele estiver vivo. Não há transmissão pessoa a pessoa. Após a picada do mosquito, há replicação viral, viremia, e os primeiros sintomas como febre, dor muscular, mal-estar e cefaleia surgem após incubação de 5 a 7 dias. Após a infecção, a reposta imune é sorotipo-específica.
Desde julho de 2016, existe uma vacina contra a dengue disponível para uso no Brasil, composta de vírus vivo atenuado e tetravalente, produzida pelo Laboratório Sanofi Pasteur. Outras vacinas contra dengue estão em desenvolvimento clínico, algumas em pesquisas clínicas de fase 3, com a do Butantã, em São Paulo. Existem recomendações da OMS para padronizar o desenvolvimento destas vacinas, visando garantir qualidade, segurança e comprovação de eficácia [3].
A vacina já licenciada no Brasil foi avaliada em 2 estudos clínicos paralelos de fase 3, randomizados e controlados por placebo. Um estudo foi realizado em cinco países da Ásia, com 10.275 participantes com idade entre 2 e 14 anos, e o segundo foi realizado 5 países da América Latina, incluindo o Brasil, com 20.869 participantes com idade entre 9 e 16 anos.
Os resultados dos estudos com a vacina mostraram eficácia entre 31,3% (IC95% 1.3–51.9) no México e 79,0% (IC95% 52.3–91.5) na Malasia. [28, 29]. A eficácia é dada por sorotipo e assim, variável na dependência do sorotipo circulante em cada local. Em média, demonstrou eficácia de 65,6% contra os quatro sorotipos do vírus e, importante, mostrou-se capaz de reduzir 95% de episódios graves da doença e 80% de hospitalização [4]. Os eventos adversos da vacina da dengue observados nos estudos foram comparáveis àqueles descritos para outras vacinas de vírus vivos atenuados. Os eventos mais comuns foram cefaleia (>50%), mal-estar (>40%) e mialgia (>40%). Febre ocorreu em 5% a 16% dos participantes. O sintoma de dor no local da injeção foi relatado em mais de 40% dos participantes [3].
Recomendação de utilização no Brasil
Licenciada para utilização entre 9 e 45 anos, em 3 doses semestrais de 0,5 ml para injeção por via subcutânea [3].
Contraindicações: por tratar-se vacina de vírus vivo atenuado, não deve ser administrada durante a gestação, lactantes, portadores de HIV, imunodeficiência congênita ou adquirida [4] e em vigência de quadros febris ou doença aguda , moderada ou grave.
Posicionamento da FEBRASGO
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, FEBRASGO, em alinhamento com as recomendações das Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda, em nível individual e em seu calendário de vacinação da mulher, o uso rotineiro da vacina contra a dengue, principalmente, para mulheres que vivem em região de risco para a doença, com atenção às contraindicações específicas e não vacinar gestantes e lactantes.
Escrito por: Comissão Nacional de Vacinas - FEBRASGO
Referências
[1] Global Strategy for dengue prevention and control, 2012–2020. World Health Organization, Geneva, Switzerland, 2012. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstre am/10665/75303/1/9789241504034_eng.pdf
[2] Messina JP, et al. Global spread of dengue virus types: mapping the 70 year history. Trends Microbiol. 2014;22(3):138–146.
[3] WORLD HEALTH ORGANIZATION, Dengue Vaccine: WHO position paper. No 30, 2016, 91, 349–364. Disponível em: http://www.who.int/wer
[4] Bula da Vacina Dengvaxia - vacina dengue 1, 2, 3 e 4 (recombinante e atenuada) Divisão de Vacinas da Sanofi-Pasteur. Brasil. Disponível em: http://www.sanofipasteur.com.br/sites/www.sanofipasteur.com.br/files/sites/default/files/pictures/Dengvaxia_Bula%20Paciente.pdf
Os vírus da dengue são RNA vírus, membros da família Flaviviridae, com 4 sorotipos (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). Todos sorotipos circulam globalmente e, nos últimos anos, existem relatos de alguns países onde a dengue é endêmica, da circulação dos 4 sorotipos ao mesmo tempo [2].
A transmissão ocorre através de um vetor, o mosquito Aedes (o aegypti é o principal vetor da doença no Brasil) que, se contamina ao picar uma pessoa infectada e retransmite o vírus ao picar outras pessoas, enquanto ele estiver vivo. Não há transmissão pessoa a pessoa. Após a picada do mosquito, há replicação viral, viremia, e os primeiros sintomas como febre, dor muscular, mal-estar e cefaleia surgem após incubação de 5 a 7 dias. Após a infecção, a reposta imune é sorotipo-específica.
Desde julho de 2016, existe uma vacina contra a dengue disponível para uso no Brasil, composta de vírus vivo atenuado e tetravalente, produzida pelo Laboratório Sanofi Pasteur. Outras vacinas contra dengue estão em desenvolvimento clínico, algumas em pesquisas clínicas de fase 3, com a do Butantã, em São Paulo. Existem recomendações da OMS para padronizar o desenvolvimento destas vacinas, visando garantir qualidade, segurança e comprovação de eficácia [3].
A vacina já licenciada no Brasil foi avaliada em 2 estudos clínicos paralelos de fase 3, randomizados e controlados por placebo. Um estudo foi realizado em cinco países da Ásia, com 10.275 participantes com idade entre 2 e 14 anos, e o segundo foi realizado 5 países da América Latina, incluindo o Brasil, com 20.869 participantes com idade entre 9 e 16 anos.
Os resultados dos estudos com a vacina mostraram eficácia entre 31,3% (IC95% 1.3–51.9) no México e 79,0% (IC95% 52.3–91.5) na Malasia. [28, 29]. A eficácia é dada por sorotipo e assim, variável na dependência do sorotipo circulante em cada local. Em média, demonstrou eficácia de 65,6% contra os quatro sorotipos do vírus e, importante, mostrou-se capaz de reduzir 95% de episódios graves da doença e 80% de hospitalização [4]. Os eventos adversos da vacina da dengue observados nos estudos foram comparáveis àqueles descritos para outras vacinas de vírus vivos atenuados. Os eventos mais comuns foram cefaleia (>50%), mal-estar (>40%) e mialgia (>40%). Febre ocorreu em 5% a 16% dos participantes. O sintoma de dor no local da injeção foi relatado em mais de 40% dos participantes [3].
Recomendação de utilização no Brasil
Licenciada para utilização entre 9 e 45 anos, em 3 doses semestrais de 0,5 ml para injeção por via subcutânea [3].
Contraindicações: por tratar-se vacina de vírus vivo atenuado, não deve ser administrada durante a gestação, lactantes, portadores de HIV, imunodeficiência congênita ou adquirida [4] e em vigência de quadros febris ou doença aguda , moderada ou grave.
Posicionamento da FEBRASGO
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, FEBRASGO, em alinhamento com as recomendações das Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda, em nível individual e em seu calendário de vacinação da mulher, o uso rotineiro da vacina contra a dengue, principalmente, para mulheres que vivem em região de risco para a doença, com atenção às contraindicações específicas e não vacinar gestantes e lactantes.
Escrito por: Comissão Nacional de Vacinas - FEBRASGO
Referências
[1] Global Strategy for dengue prevention and control, 2012–2020. World Health Organization, Geneva, Switzerland, 2012. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstre am/10665/75303/1/9789241504034_eng.pdf
[2] Messina JP, et al. Global spread of dengue virus types: mapping the 70 year history. Trends Microbiol. 2014;22(3):138–146.
[3] WORLD HEALTH ORGANIZATION, Dengue Vaccine: WHO position paper. No 30, 2016, 91, 349–364. Disponível em: http://www.who.int/wer
[4] Bula da Vacina Dengvaxia - vacina dengue 1, 2, 3 e 4 (recombinante e atenuada) Divisão de Vacinas da Sanofi-Pasteur. Brasil. Disponível em: http://www.sanofipasteur.com.br/sites/www.sanofipasteur.com.br/files/sites/default/files/pictures/Dengvaxia_Bula%20Paciente.pdf