Revistas

Trato genital inferior pode ser a porta de entrada para o diagnóstico e acolhimento de mulheres vítimas de violência

“Ao enxergar para além do exame físico, oferecemos cuidado integral e esperança às mulheres em situação de vulnerabilidade”, afirma presidente da FEBRASGO

 

Quando se fala em saúde da mulher, algumas áreas permanecem, ainda hoje, à margem do debate público. Uma delas é o trato genital inferior – composto pela vulva, vagina, colo do útero e suas estruturas adjacentes. Essa região do corpo feminino, além de demandar atenção clínica, pode ser também um importante ponto de alerta para identificar sinais de violência doméstica.

 

Segundo o Atlas da Violência 2024, mais de 116 mil casos de agressões contra mulheres ocorreram dentro de casa em 2022. Dados como esses reforçam a necessidade de um olhar mais atento e humanizado por parte dos profissionais de saúde, especialmente ginecologistas e obstetras.

 

Diante desse cenário, a FEBRASGO lança a Campanha Nacional #EuVejoVocê - Pelo fim da violência contra a mulher em todas as fases da vida, em parceria com as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia. A iniciativa visa ampliar o debate sobre todas as formas de violência que acometem mulheres – desde a infância até a velhice – incluindo -, ainda, os episódios de violência sofridos por médicas em exercício profissional.

 

Para a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), é papel da ginecologia ir além da técnica: “Nós devemos agir e amparar as mulheres na identificação da violência e na capacitação para as tomadas de decisões. O conhecimento permite que o médico atue, desde a escuta adequada, o acolhimento, notificação, registro, acompanhamento e encaminhamento articulado e intersetorial”, afirma.

 

A violência doméstica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma grave violação dos direitos humanos e um problema de saúde pública, manifesta-se em diferentes formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. No contexto ginecológico, sinais como dor persistente durante o exame de toque, lesões repetidas na vulva e na vagina, sangramentos inexplicáveis, infecções recorrentes e até o medo ou recusa em se despir para uma avaliação podem indicar mais do que uma condição clínica: podem ser vestígios de agressão sexual ou emocional.

 

Estudos apontam que mulheres em situação de violência tendem a buscar mais serviços de saúde do que aquelas que não sofrem agressões. No entanto, a falta de preparo de parte dos profissionais ainda é um entrave. Capacitações, protocolos de escuta ativa e parcerias com redes de proteção são essenciais para que o atendimento vá além do exame clínico.

 

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 revelam um crescimento expressivo nos casos de importunação sexual (+48,7%), violência psicológica (+33,8%) e violência doméstica (+9,8%) em relação ao ano anterior. O relatório aponta que um estupro é registrado a cada seis minutos no país, sendo que 88,2% das vítimas são do sexo feminino e 61,6% têm até 13 anos de idade.

 

É fundamental compreender que o ciclo de violência contra a mulher só será rompido com a atuação de uma rede articulada, comprometida e preparada. Neste sentido, os consultórios ginecológicos tornam-se espaços privilegiados de acolhimento. “Cada consulta ginecológica é uma oportunidade de salvar uma vida. Ao enxergar para além do exame físico, oferecemos cuidado integral e esperança às mulheres em situação de vulnerabilidade”, explica a Dra. Maria Celeste, que também preside a Comissão de Núcleo Feminino da FEBRASGO.

1º de maio – Dia do Trabalho: Os desafios invisíveis do retorno ao trabalho após a licença-maternidade

Conheça as dicas da especialista para conciliar trabalho e aleitamento materno

Como identificar sinais de ansiedade, culpa ou tristeza nesse período

 

“A licença-maternidade não é apenas um período de afastamento do trabalho, mas um momento de transformação profunda na vida da mulher. Ela passa por diversas mudanças físicas, emocionais e sociais, e o retorno ao trabalho exige uma adaptação não apenas ao ambiente profissional, mas à sua nova realidade de mãe”, diz a Dra. Maria Auxiliadora Budib, médica ginecologista e obstetra e vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Infelizmente, muitas vezes as mães são vistas de forma diferente no ambiente de trabalho após a licença maternidade. Há um estigma relacionado à ideia de que essas mulheres podem não estar tão comprometidas ou disponíveis quanto antes da licença.

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 48% das mulheres perdem o emprego até 12 meses após o término da licença-maternidade. “Isso tem um impacto e é uma violência velada que pode trazer consequências na saúde da mulher e na saúde social.  Estudos apontam que metade das mulheres deixa o mercado de trabalho um ano após o início da licença-maternidade, muitas vezes devido à dificuldade de conciliar as responsabilidades profissionais e familiares”, conta a Dra. Maria Auxiliadora, que ministrará aula durante o 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, que será realizado no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 17 de maio. Conheça a programação aqui.

Na entrevista a seguir, a vice-presidente da Febrasgo comenta estratégias que podem ser adotadas pelas mulheres e empresas no retorno ao trabalho.

Como conciliar a amamentação com a rotina de trabalho presencial?

Dra. Maria A. Budib - É fundamental que a mãe se sinta confortável para comunicar suas necessidades ao gestor em seu retorno ao trabalho. Isso inclui explicar as demandas da amamentação e como isso pode ser conciliado no dia a dia profissional. Precisamos avançar para que esse assunto seja abordado naturalmente e criar espaços em políticas públicas; porque uma criança que é amamentada tem melhor imunidade, menor incidência de problemas de saúde e a mulher que recebe a ponte para a possibilidade de manter a amamentação, terá também menor taxa de absenteísmo e mais saúde física e mental.

 

Quais estratégias podem ser usadas para minimizar o impacto da separação entre mãe e bebê, especialmente quando o bebê ainda está em aleitamento materno exclusivo?

Dra. Maria A. Budib – Cito algumas, como:

 

  • Utilizar bombinha para retirar o leite durante o expediente e armazená-lo adequadamente.
  • Ter um local limpo, seguro e reservado na empresa para ordenha.
  • Estabelecer horários fixos para a retirada do leite ajuda a manter a produção.
  • Licença ampliada ou trabalho híbrido/flexível (quando possível) para manter o aleitamento direto por mais tempo.

 

Quando a mãe e o bebê estiverem juntos, gosto de pontuar as seguintes recomendações:

 

  • Amamentação em livre demanda.
  • Contato pele a pele sempre que possível, que pode ajudara fortalecer o vínculo mesmo após o retorno ao trabalho.
  • Introdução gradual do cuidador para que o bebê se acostume aos poucos com a nova rotina e pessoa de cuidado.
  • Manter objetos com cheiro da mãe pode trazer conforto para o bebê. A memória olfativa é real.

 

Quais dicas podem ajudar as mães a manter a produção de leite materno após o retorno ao trabalho?

Dra. Maria A. Budib – São elas:

 

  • Ordenhar regularmente, mesmo sem o bebê por perto.
  • Beber bastante água e manter uma alimentação equilibrada.
  • Evitar longos intervalos entre as ordenhas.
  • Tentar descansar sempre que possível (mesmo que difícil).
  • Manter o contato direto com o bebê fora do horário de trabalho para estimular a produção.

 

Quais são os principais impactos emocionais e psicológicos que a mãe pode sentir ao retornar ao trabalho?

Dra. Maria A. Budib - O sentimento de inadequação, como se não estivesse “100% em lugar nenhum” é o lugar de fala da mulher em seu retorno às atividades profissionais.  Ao mesmo tempo que reconhece a importância do seu trabalho, o investimento que fez em sua carreira, a diferença que também sua renda faz na vida da sua família; a maioria se sente dividida e não inteira. No Brasil, onde as políticas do cuidado da família são potencialmente femininas, onde a licença paternidade não condiz com a importância do homem na divisão de trabalho com a criança (em países desenvolvidos há opção de escolha e apoio para que as tarefas sejam compartilhadas); o retorno ou o não retorno involuntário ao trabalho contribuiu para o aparecimento de sintomas de ansiedade e depressão.

 

Como identificar sinais de ansiedade, culpa ou tristeza nesse período?

Dra. Maria A. Budib - As “pistas” são grandes. Quem observa a mulher em sua totalidade consegue ver claramente os sinais. Às vezes, a própria mulher não identifica, pois está em um momento totalmente voltado a olhar a criança (ou as crianças) e não consegue voltar o olhar para si mesma. Precisamos falar sobre “o retorno” desde o pré-natal assim como falamos de nutrição, atividade física, exames de rotina, vacina.

Destaco alguns sinais de alerta:

 

  • Choro frequente e sensação de angústia.
  • Dificuldade para dormir, mesmo com o bebê dormindo.
  • Pensamentos recorrentes de culpa ou inadequação.
  • Irritabilidade, perda de apetite ou apatia.
  • Desinteresse em atividades que antes eram prazerosas.
  • Sentimento de culpa com o bebê.

 

De que forma familiares, amigos e empresas podem apoiar a mulher nesse momento de transição?

Dra. Maria A. Budib - Nas empresas o letramento de lideranças para acolher a parentalidade é uma estratégia essencial para construir ambientes corporativos mais inclusivos e humanos. Trata-se de educar líderes e gestores sobre os desafios e necessidades de colaboradores que são pais e mães — não apenas no retorno da licença, mas em todas as fases da jornada parental. Essencial humanizar esse processo. Promover uma cultura que valorize a parentalidade sem prejuízo à carreira trará indicadores sociais, econômicos e orçamentários à própria empresa. Pais e mães que se sentem valorizados e compreendidos são talentos que a empresa retém e que com certeza contribui para o crescimento de todos.

Empatia e escuta ativa com colaboradores em licença ou em retorno é pauta inadiável. Os líderes também precisam conhecer a legislação trabalhista relacionada à parentalidade. No “dashboard” precisamos falar sobre a flexibilidade como ferramenta de gestão: horários, entregas, remoto/híbrido e sobretudo desconstruir estigmas: “mães são menos comprometidas”, e também a bandeira “pais também cuidam”.

As empresas precisam estar alertas às mães que enfrentam situações de microagressões no ambiente de trabalho após o retorno, como piadas sobre a ausência durante a licença maternidade ou pressões para “compensar” o tempo que estiveram fora. As áreas de compliance já olham para isso, mas é necessário educar sempre os colaboradores e colaboradoras para o entendimento de suas atitudes.

A família é uma grande força na rede de apoio. Cabe não julgar e não trazer “verdades” sobre como a mãe deve conduzir seu processo de retorno. Evite dar opiniões. Troque sua opinião pela ajuda que a mãe e o pai precisam. Cada ato de cuidado e apoio traz saúde a todos. Uma mãe bem cuidada, um bebê bem cuidado. Ofereça ajuda. Evite conflitos. Escute a mãe! Na jornada da obstetrícia sabemos que o curso de gestantes, preparo ao parto seguro, informações de amamentação são de grande valia. Que tal incluir desde o pré-natal um momento de diálogo sobre o retorno ao trabalho? Certeza que vai ser transformador!

 

30 de abril – Dia Nacional da Mulher: Brasil entra na nova era do rastreio do câncer de colo uterino

Mulheres de 25 a 64 anos podem realizar o teste de DNA HPV

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que o câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.

Sabendo que o fator etiológico do câncer de colo é o HPV, a técnica de biologia molecular como o teste de DNA HPV, que identifica a presença do vírus mesmo antes de ter alteração do Papanicolau, passa a ser uma promissora aliada no diagnóstico precoce, evitando a progressão para o câncer de colo uterino.

O Papanicolau, exame indicado para identificar células malignas no diagnóstico das lesões de colo do útero, tem algumas limitações, como a sensibilidade reduzida para o diagnóstico de lesões de alto grau, que é o pré-câncer.

O Brasil já estabeleceu as novas diretrizes para o teste de DNA HPV e esse documento está pronto, aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) e entra para a fase de implantação. A população alvo para realizar o teste de DNA HPV são mulheres de 25 a 64 anos.

“A nova era do rastreio do câncer de colo uterino no Brasil” é uma das aulas que estão na grade de programação do 62º CBGO – Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, que acontece entre os dias 14 e 17 de maio, no Rio de Janeiro. A Dra. Neila Maria De Góis Speck, especialista em Ginecologia e Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e palestrante do Congresso, explica na entrevista a seguir como DNA HPV pode mudar o cenário atual do câncer de colo de útero no Brasil.

 

Qual a periodicidade para realizar o DNA-HPV?

Dra. Neila M. G. Speck - Se o teste for negativo, não tem HPV, não tem risco de câncer. Repete em cinco anos. Se for positivo para os DNAs 16 e 18, faz colposcopia. Se for positivo para outros tipos, faz a citologia reflexa e se a citologia for alterada, colposcopia. Se a citologia for normal, repete em um ano.

 

O que o DNA-HPV muda em relação ao tratamento do HPV e do câncer de colo uterino?

Dra. Neila M. G. Speck - O DNA vai fazer diagnóstico mais precoce. Temos um trabalho muito bem desenhado, que foi realizado na cidade de Indaiatuba (SPe demonstrou diagnóstico por essa estratégia muito mais precoce em fases iniciais, ou seja, a mulher vai ser tratada, operada e a chance de cura é maior. Outro ponto positivo que o mesmo trabalho mostrou foi a antecipação do diagnóstico em 10 anos em mulheres mais jovens.

 

Quais os sinais do câncer de colo uterino?

Dra. Neila M. G. Speck – Depende muito das fases de aparecimento do diagnóstico. O pré-câncer, encontrado no rastreamento do teste do HPV ou o Papanicolau, se ele não falhar, não apresenta sintomas.

O câncer na fase inicial também pode não dar sintoma, mas conforme ele vai crescendo, evoluindo, a mulher apresenta sangramento, inclusive na relação sexual, que é um sinal de alerta. Também pode haver corrimento com cheiro ruim. Progredindo a doença, ela pode ter queixas de dor pélvica etc. Mas, em geral, as fases que buscamos no rastreamento são totalmente assintomáticas.

 

A vacina contra HPV tem efeito em mulheres com vida sexual ativa ou mesmo mulheres acima dos 30, 40 anos?

Dra. Neila M. G. Speck – Sim. O perfil ideal de vacinação é a adolescente que ainda não foi exposta ao vírus e, nesses casos, a imunidade com a vacina pode chegar a 100%. A vacina do SUS protege contra quatro tipos de vírus HPV e, no sistema privado, essa proteção chega a nove tipos.

 

Mas as pessoas adultas podem se vacinar porque terão benefício. Mulheres que trataram de pré-câncer, quando tomam a vacina durante ou após o tratamento do pré-câncer, pode apresentar diminuição da taxa de recidiva, ou seja, pode diminuir a chance de a doença voltar.

No Brasil, a vacina HPV é aprovada até os 45 anos. Na Europa, não existe idade limite para esta vacina.

FEBRASGO esclarece: Câncer de mama e terapia hormonal

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) vem a público esclarecer a recente divulgação nas mídias sociais, que sugeria que mulheres que já foram diagnosticadas com câncer de mama poderiam receber terapia de reposição hormonal (TH) para o tratamento dos sintomas da menopausa.
 
Essa informação se baseia no artigo "Hormone Replacement Therapy After Breast CancerIt Is Time", de Avrum Zvi Bluming, de único autor, publicado em 2022, que fez um levantamento e análise de 25 estudos sobre os efeitos da TH em sobreviventes de câncer de mama.
 
O artigo é revisão narrativa avaliando os benefícios da terapia hormonal (TH) para controle dos sintomas da menopausa, saúde cardiovascular, prevenção de fraturas de quadril, redução do declínio cognitivo e aumento da longevidade em pacientes sobreviventes de câncer de mama.
 
Os estudos incluídos nessa revisão foram publicados ao longo de mais de três décadas (1980 a 2021) e faziam referência à administração de estrogênio isolado ou combinado com progestagênio (TH) em mulheres tratadas previamente para câncer de mama.
 
A conclusão do estudo foi que o uso de TH em sobreviventes de câncer de mama não está associado, de forma consistente, ao aumento de mortalidade ou recorrência distante.
 
Pontos que merecem atenção na avaliação desse estudo:
 
  1. O artigo caracteriza-se como uma revisão narrativa, sem a aplicação de critérios rigorosos de seleção sistemática da literatura, como preconizado pelas diretrizes PRISMA para revisões sistemáticas. A ausência de um protocolo pré-registrado (ex. PROSPERO) limita a transparência do processo de seleção e inclusão dos estudos.
 
  1. Heterogeneidade metodológica dos estudos incluídos: Os 25 estudos analisados apresentam ampla variação em seus desenhos metodológicos (ensaios clínicos randomizados, coortes retrospectivas, estudos de caso-controle, séries de casos), o que dificulta a comparação direta dos resultados. Não há aplicação de técnicas de metanálise para integrar os resultados quantitativamente, o que reduz a robustez estatística da conclusão geral.
 
  1. Curto tempo de seguimento dos estudos primários: A mediana de seguimento dos estudos revisados é de aproximadamente 5 anos, o que é insuficiente para avaliar efeitos tardios relevantes, como recorrência metastática ou mortalidade específica por câncer de mama, especialmente considerando que o câncer de mama pode ter recidiva tardia.
 
  1. Falta de estratificação adequada por subtipo tumoral e terapia adjuvante. O artigo não realiza uma análise aprofundada por status de receptor hormonal (ER+, PR+, HER2+), grau histológico ou uso concomitante de terapias como tamoxifeno, inibidores da aromatase, quimioterapia ou radioterapia. Esta limitação é crítica, pois o risco de recorrência e o impacto da TH podem variar significativamente de acordo com essas características tumorais e terapêuticas.
 
  1. Desconsideração de vieses inerentes a estudos observacionais. A revisão confere grande peso a estudos observacionais (retrospectivos e prospectivos não randomizados), os quais estão sujeitos a viés de seleção, viés de confusão e viés de sobrevivente saudável. Muitos estudos não ajustaram adequadamente para fatores prognósticos conhecidos (ex.: idade, comorbidades, estágio do câncer).
 
  1. Dependência excessiva da crítica ao estudo HABITS: O autor estrutura grande parte de seu argumento em refutar os achados do estudo HABITS, que de fato demonstrou aumento na recorrência local. Entretanto, a crítica, embora válida em certos aspectos, não anula a necessidade de cautela, especialmente, na ausência de evidência robusta de segurança a longo prazo.
 
  1. Falta de análise de risco-benefício Embora o autor defenda uma abordagem mais permissiva ao uso da TH, o artigo não oferece critérios objetivos ou algoritmos clínicos para estratificação de risco e tomada de decisão personalizada. Há ausência de propostas claras para monitoramento e seguimento clínico rigoroso em pacientes que eventualmente iniciem a TH.

As Comissões Especializadas de Climatério (CNE de Climatério) e de Mastologia (CNE de Mastologia) esclarecem que, atualmente, não existem dados suficientes que comprovem a segurança do uso de terapia hormonal (TH) em mulheres que foram diagnosticadas com câncer de mama.

Dessa forma, consideram inoportuna e prematura a divulgação nas mídias sociais, para o público em geral, da possibilidade de utilizar esse tratamento sem os devidos esclarecimentos sobre a interpretação dos dados científicos, que ainda são limitados. A FEBRASGO reafirma para as mulheres e para os médicos que o câncer de mama continua sendo uma contraindicação para o uso de TH. No entanto, essas mulheres devem receber cuidados especializados e terapias não hormonais que aliviem os sintomas e melhorem a qualidade de vida durante o climatério.

Dra. Lia Damásio participou de plenárias sobre GO na Câmara dos Deputados.

Na última quarta-feira, 23/04, a Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO, marcou presença na Câmara dos Deputados pela Associação Médica Brasileira (AMB). Na ocasião, esteve ao lado de Napoleão Salles, que atua na área de Relações Governamentais.

Em mais essa ação estratégica e articulada conjunta entre FEBRASGO e AMB, foram realizadas várias visitas a parlamentares e participação em plenários, sobre temas e projetos relacionados à Ginecologia e Obstetrícia.

“Essa atuação junto ao parlamento é imprescindível para a defesa da nossa especialidade em todo o Brasil”, declara Dra. Lia.

 

 

 


 

 

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial: condição afeta 15% de gestantes e também acomete mulheres na menopausa

A hipertensão arterial é uma condição crônica e multifatorial, frequentemente sem sintomas aparentes, marcada pela elevação contínua da pressão sanguínea (≥ 140 mmHg e/ou ≥ 90 mmHg). Considerada um dos principais fatores de risco metabólico, ela tem grande impacto na mortalidade geral, além de ser uma das principais causas de doenças cardiovasculares (DCV). Por ser uma doença silenciosa, pode se manifestar sem sinais perceptíveis, mas, quando surgem, os sintomas mais comuns incluem tontura, falta de ar, palpitações, dores de cabeça recorrentes e alterações na visão.

De acordo com dados do Ministério da Saúde (leia aqui), no Brasil, estima-se que cerca de 15% das gestantes desenvolvam síndromes hipertensivas, que incluem hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. As síndromes hipertensivas na gestação são a principal causa de morte materna no país, com taxas que podem chegar até 170 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos em serviços especializados em alto risco obstétrico.

“O acompanhamento ginecológico deve abranger todos os ciclos da vida da mulher, desde adolescência, passando pela gravidez, até a senescência. O controle da hipertensão é fundametal para saúde e bem-estar da mulher”, comenta Dr. José Maria Soares Junior, ginecologista e presidente da Comissão de Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)

Ele explica que, na menopausa, há vários fatores que podem influenciar na pressão arterial sistêmica, como o aumento de peso, a resistência insulínica e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona – um sistema hormonal que desempenha papel essencial na regulação da pressão arterial, do volume sanguíneo e do equilíbrio de água e sais no corpo. Entre as orientações dos ginecologistas, é recomendado incluir a mudança de estilo de vida com aumento da atividade física e dieta nutricional adequada para perda de peso.

O médico acrescenta sobre a importância em avaliar a história clínica da paciente durante a consulta, como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e antecedentes familiares relacionados com hipertensão arterial sistêmica e doença cardiovascular. “A avaliação antropométrica e da frequência e aferição da pressão arterial fazem parte da consulta do ginecologista. Contudo, o tratamento deve ser compartilhado com o cardiologista ou o clínico geral, que são mais aptos no tratamento desta afecção”, alerta o ginecologista, que também é palestrante do 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio no Riocentro, RJ.

Avaliar os hábitos alimentares como consumo de alimentos processados e ultra-processados frequentemente são outros fatores de atenção, bem como o uso de medicamentos. “A primeira gestação é um fator de risco independente para pré-eclâmpsia”, acrescenta o ginecologista. A avaliação do índice de massa corpórea (IMC) também pode ser importante na paciente com obesidade, principalmente a mórbida. “Quando indicada, a terapia estrogênica pode auxiliar na melhora da pressão arterial”, finaliza o médico.

Page 1 of 94
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. All rights reserved.

Para otimizar sua experiência durante a navegação, fazemos uso de cookies. Ao continuar no site consideramos que você está de acordo com a nossa Política de Privacidade.

Aceitar e continuar no site