Avanços e desafios: o que podemos comemorar e reivindicar no Dia Internacional da Mulher
Febrasgo e Feito Para Ela destacam conquistas em prol da saúde feminina e defendem a importância da informação para combater a violência contra a mulher.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
O Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira 8 de março, é uma data importante para celebrar as conquistas em prol da saúde das mulheres, que, em diversos momentos da história, se uniram e ainda se unem para lutar pelos seus direitos.
Na área da saúde, diversos direitos e avanços transformaram para melhor a vida sexual, ginecológica e reprodutiva delas. “A expansão do acesso aos métodos contraceptivos, inclusive os de longa duração, nos serviços de saúde públicos e privados é um exemplo disso, pois permite que as mulheres tenham maior controle sobre sua saúde reprodutiva e planejamento familiar”, declarou a Dra. Fabiene Bernardes Castro Vale, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
As técnicas de reprodução assistida (TRA), como Fertilização In Vitro e Inseminação Artificial Intrauterina, também aumentaram as chances de realização do sonho da maternidade e “evoluem rapidamente, oferecendo esperança para casais e indivíduos que enfrentam desafios de infertilidade”.
Vale destacar as campanhas nacionais de rastreamento de diversas enfermidades que, se não tratadas a tempo, podem levar à morte. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, doenças como o câncer de mama e o câncer do colo de útero têm grandes chances de cura.
Dra. Fabiene analisa que tais avanços refletem o progresso da ciência, da medicina e da tecnologia e sinalizam as mudanças culturais e sociais na forma como a sociedade compreende e valoriza a saúde e os direitos das mulheres. “É importante reconhecer que ainda há desafios a serem enfrentados para garantir que todos esses avanços sejam acessíveis de maneira equitativa a todas as mulheres, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico, raça ou orientação sexual”, ressalta a médica.
Violência contra a mulher: o desafio do século
Outro grande desafio atual, reconhecido como um grave problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos, é a violência contra a mulher, que se apresenta em diferentes aspectos e traz profundas repercussões na saúde física, emocional, sexual e ginecológica das vítimas.
Nos dois primeiros anos da pandemia (2020 e 2021), um total de 7.691 mulheres foram assassinadas no Brasil, número trágico que revela a violência brutal que ceifa mais de 10 vidas femininas a cada dia no país, de acordo com o Atlas da Violência 2023, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Além do feminicídio, as mulheres também sofrem cotidianamente com outros tipos de agressão. A cada 4 minutos, uma mulher é vítima de violência física. Por ano, ocorre cerca de 822 mil casos de estupro no Brasil, sendo 80% contra mulheres. Apenas 8,5% deles chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde. “Os efeitos do abuso sexual nas vítimas são vastos e podem ser físicos, psicológicos, emocionais e sociais, afetando a qualidade de vida dessas mulheres”, acentua Dra. Fabiene.
Ações da Febrasgo para mudar esse cenário
Diante desses números preocupantes e em atenção ao Dia Internacional da Mulher, a Febrasgo inicia uma jornada de informação para disseminar conteúdos importantes sobre os diferentes tipos de violência contra a mulher, como identificá-los e como ajudar as vítimas dessas agressões.
Os conteúdos serão divulgados mensalmente nos canais da Febrasgo e da plataforma Feito Para Ela. “O primeiro passo para reduzirmos o número de casos de violência contra a mulher é divulgar informações e orientar tanto as vítimas quanto os familiares e a sociedade em geral de que a violência existe e é papel de todos combatê-la. Sem informação, não há saúde”, afirmou a Dra. Marta Finotti, coordenadora do Feito Para Ela e do Núcleo Feminino da Febrasgo.
Essas ações se somarão a outras iniciativas da entidade, como:
- Capacitação e atualização dos ginecologistas e obstetras, para que possam atender e orientar as mulheres vítimas de violência.
- Criação do Núcleo Feminino: grupo composto inicialmente por 12 médicas para, entre outros objetivos, aumentar a conscientização sobre questões de saúde das mulheres e promover políticas e iniciativas que apoiem a saúde feminina. [https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1619-no-mes-de-celebracao-do-dia-internacional-da-mulher-febrasgo-anuncia-criacao-de-nucleo-feminino]
- Parcerias com outras entidades para fortalecer a rede de informação e de apoio às mulheres vítimas de violência.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o dia 8 de março seja apenas de celebração, mas a Febrasgo está firme no compromisso de construir um presente e um futuro com mais saúde e segurança para todas as mulheres.
Manual de prevenção, diagnóstico e tratamento da dengue na gestação e no puerpério.
FONTE: Ministério da SaudeDiretor Científico da FEBRASGO recebe título de membro titular da Academia Mineira de Medicina
Em solenidade realizada dia 01 de março de 2024 no Centro de Convenções e Eventos da AMMG, o diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, recebeu o título de membro titular da cadeira de número 52 da Academia Mineira de Medicina, que tem como Patrono Dr. José Silva de Assis, e como último ocupante o Dr. José Carlos Ribeiro Resende Alves.
A FEBRASGO parabeniza o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho e seu merecimento por longos anos em alto grau de projeção no exercício da profissão.
Clique aqui e confira a gravação do evento.
Casos de dengue em grávidas aumentam 345,2% em 2024
Clique aqui para ver o vídeo na íntegra.
Fonte: Fonte: CNN Brasil
Governo lança cartilha contra a dengue para grávidas e puérperas
Clique aqui para ver o vídeo na íntegra.
Fonte: Jornal Hoje - Globoplay
Dia Mundial da Obesidade: doenças ginecológicas e disfunções reprodutivas também estão associadas a esta condição
No Brasil, projeções indicam que a taxa de obesidade entre adultos pode atingir 41% até 2035.
No Dia Mundial da Prevenção da Obesidade, em 4 de março, a Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância de abordar as implicações da obesidade na saúde das mulheres. O Atlas Mundial da Obesidade de 2023 projeta um aumento na incidência global da obesidade na próxima década. No contexto brasileiro, estima-se que até 2035, 41% da população adulta conviverá com essa condição. Atualmente, 22,4% dos adultos brasileiros são afetados pela obesidade. Embora seja comum a associação ao diabetes e hipertensão a esta condição, é essencial compreender que os impactos vão além, podendo desencadear doenças ginecológicas e disfunções reprodutivas.
A Dra. Ana Carolina Japur de Sá Rosa e Silva, membro da Comissão de Ginecologia Endócrina da FEBRASGO, destacou a significativa influência da obesidade na saúde da mulher, especialmente na questão reprodutiva. “As mulheres obesas têm uma propensão a secretar mais testosterona devido à capacidade do tecido adiposo em produzir esse hormônio. O aumento da concentração de testosterona pode levar a distúrbios na ovulação, resultando em ciclos menstruais irregulares ou ausência de ovulação. Como a ovulação é essencial para a fertilidade, mulheres que não ovulam têm dificuldades em conceber”, explica a especialista.
Mesmo em mulheres que não apresentam ovário policístico, a obesidade pode desencadear mecanismos semelhantes devido ao aumento na produção de hormônios masculinos. Além disso, o acúmulo de gordura abdominal, associado ao excesso de peso, pode contribuir para níveis elevação dos níveis de insulina e consequentemente contribuir para alteração no metabolismo dos açúcares, que pioram o risco cardiovascular e também podem interferir na produção de hormônios masculinos pela mulher o que pode afetar a fertilidade.
Síndrome dos Ovários Policísticos e Obesidade
A especialista explica que o ovário policístico é uma consequência de uma desordem na maneira como o cérebro da pessoa comanda o ovário, que acaba não funcionando adequadamente. Isso leva a um quadro de não ovulação, com a formação de microcistos no ovário. Observa-se que mulheres com essa síndrome frequentemente apresentam obesidade devido a uma predisposição em que o padrão hormonal alterado de quem tem a doença favorece o ganho de peso. Além disso, como num círculo vicioso, quando há ganho de peso, o quadro do ovário policístico tende a piorar. Mulheres com ovário policístico também apresentam desequilíbrio na secreção dos hormônios relacionados à fome e saciedade, favorecendo a fome e diminuindo a saciedade. Na maioria dos casos, há níveis mais altos de insulina, o que também contribui para o aumento da ingestão alimentar. Dessa forma, pode-se dizer que o ovário policístico predisponha a pessoa a desenvolver obesidade.
“O ovário policístico tem uma origem inicial mais relacionada à genética do que à obesidade. É claro que uma mulher com excesso de peso, devido ao aumento de hormônios masculinos no tecido gorduroso, pode desenvolver um quadro semelhante à Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), mas nessa condição, em que o determinante não é genético, se ela emagrecer é possível reverter esse quadro”, frisa a médica.
Estilo de Vida Saudáveis
A Dra. Ana Carolina de Sá reforça que o estilo de vida desempenha um papel relevante na gestão do peso. Fatores como o padrão alimentar, a quantidade de atividade física, a qualidade do sono e a escolha dos alimentos desempenham papéis significativos. Optar por alimentos mais naturais em detrimento de opções processadas e industrializadas, reduzir o consumo de frituras e manter uma rotina menos sedentária são decisões importantes.
“A quantidade e o tipo de alimentos consumidos desempenham um papel fundamental nesse processo. Alimentos que provocam uma elevada liberação de insulina na circulação, como os doces, o açúcar diretamente, ou carboidratos simples como pão, farinha branca e batata, podem resultar em uma rápida absorção, desencadeando uma resposta insulinêmica. A insulina, um hormônio associado ao aumento do apetite, pode interpretar essa rápida absorção como uma quantidade insuficiente de alimentos e estimular o consumo adicional, gerando a sensação de fome”, explica a ginecologista.
Além disso, a Dra. Ana Carolina ressaltou a importância da relação entre a ingestão calórica e o gasto diário: “Se uma pessoa consome mais calorias do que gasta, o excesso pode ser armazenado na forma de gordura”. Ela explica que a atividade física desempenha dois papéis essenciais: primeiro, como meio de gasto de energia e queima calórica, contribuindo para a manutenção do peso. Segundo, ao aumentar a massa muscular, especialmente por meio de treinos funcionais e musculação, ocorre um aumento na quantidade de músculo nas pernas, braços, entre outras áreas. Geralmente, esse aumento na proporção de músculo está associado à perda de massa gordurosa. Sendo o músculo mais pesado do que a gordura, muitas vezes na balança não percebemos mudança no peso, porém se percebe clara mudança nas medidas corporais, indicando que houve sim emagrecimento, com a substituição de massa gorda (gordura corporal) por massa magra (músculo).
Outras questões relacionadas ao estresse, tipo de trabalho, influências externas e problemas pessoais podem contribuir para o aumento do estresse e, consequentemente, para o aumento do cortisol. O cortisol, por sua vez, pode influenciar no comportamento alimentar, levando a episódios de compulsão alimentar e ansiedade, o que, por sua vez, afeta o controle do peso.
“Embora seja cientificamente comprovado que a incorporação da atividade física, juntamente com o controle alimentar, seja a melhor maneira de intervir na obesidade, é vital reconhecer que, para muitas pessoas, apenas a prática regular de exercícios e o monitoramento da dieta podem não ser suficientes para superar a obesidade. No entanto, independentemente do tratamento adjuvante escolhido, a manutenção do peso torna-se uma tarefa árdua na ausência de uma prática regular de atividade física”, conclui a Dra. Ana Carolina.
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