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O selo de qualidade da mamografia.

Sexta, 16 Fevereiro 2018 14:19

          Você às vezes tem a impressão de que a mamografia que solicita para as suas pacientes pode não ter a qualidade ideal? Quer saber como atestar a qualidade de uma mamografia?

         Bem existem ferramentas poderosas para fazer essa aferição, por exemplo apuração da sensibilidade, especificidade e taxa de detecção. Infelizmente, o levantamento desses dados é trabalhoso e caro, e quase não é feito por nenhum serviço no Brasil, embora seja obrigatório em outros países.

         Mas o Brasil não é de todo desprovido de iniciativas para promover a qualidade da mamografia. Há muitos anos três sociedades se uniram para realizar essa tarefa: a Febrasgo, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Sociedade Brasileira de Mastologia. Foi criada uma comissão que se reúne uma vez por mês para analisar serviços de mamografia, além de cuidar de vários outros assuntos pertinentes ao tema, que recebeu o nome de Comissão Nacional de Mamografia.

         A comissão avalia os serviços que, se aprovados, recebem o Certificado de Qualidade em Mamografia, passando a ter o direito de exibir nos seus documentos (inclusive laudos) o Selo de Qualidade em Mamografia.

         Os selos são outorgados por aparelho de mamografia. Se uma clínica tiver mais de um aparelho, cada um deles deverá ser avaliado separadamente. São analisados os dados físicos radiométricos (dose de radiação, laudo de proteção das salas e outros parâmetros técnicos). Em seguida, são avaliados cinco exames realizados naquele aparelho. A avaliação leva em conta a qualidade das radiografias, posicionamento, presença de artefatos, identificação de lesões, descrição dos achados e conduta recomendada.

         Se você se importa que a sua paciente faça uma mamografia de qualidade, procure saber se o serviço de mamografia para onde você encaminha suas pacientes tem o selo de qualidade. É a melhor iniciativa dentro do Brasil para incrementar a qualidade da mamografia.

         O que o selo não mede? Justamente os parâmetros de auditoria dita de resultados mencionados acima (sensibilidade, especificidade e taxa de detecção). Infelizmente, pois eles são a verdadeira “prova dos nove” da qualidade da mamografia. Mas você pode usar de uma “auditoria cotidiana” para avaliar qualidade da mamografia.

         Todos os falsos negativos devem ser analisados a fundo. A definição de falso negativo é o aparecimento de um câncer de mama até um ano após um exame. Como a mamografia não detecta todos os cânceres, um falso negativo não significa necessariamente um erro, mas se um serviço tiver muitos falsos negativos, ou se a radiografia lida como negativa mostrar retrospectivamente uma lesão suspeita óbvia, considerar que esse serviço possa ter baixa sensibilidade e taxa de detecção abaixo do aceitável.

         As recomendações de biópsia, por sua vez, darão uma ideia da especificidade. Em geral a cada dez recomendações de biópsia, três a quatro deverão resultar em câncer. Um serviço que tenha um número muito grande de biópsias benignas levanta a suspeita de estar indicando mal essas biópsias (baixa especificidade).

         Talvez pior do que não fazer mamografia seja fazer uma mamografia malfeita, que pode resultar em radiação acima do aceitável, biópsias desnecessárias, reconvocações e recomendações de exames complementares exageradas, custos aumentados, e até mesmo falsa segurança no caso de um exame falso negativo com retardo no diagnóstico e no tratamento.

         É fundamental, portanto, zelarmos pela qualidade da mamografia. A ferramenta já consolidada no Brasil é o selo de qualidade. As ferramentas de auditoria de resultados não são usadas em larga escala no Brasil, mas pode-se usar uma “auditoria cotidiana” para aferir a qualidade da mamografia.

         A exigência de qualidade deve, antes de tudo, ser um estímulo para os serviços que fazem a mamografia se aperfeiçoem cada vez mais, se reciclem, atualizem seus aparelhos e seus processos. Seja chato, exija qualidade. A sua paciente agradece.

Autor:

Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Júnior


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