Gestantes e puérperas incluídas nos grupos prioritários para vacinas contra SARS-CoV2 no Plano Nacional de Imunização
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomenda:
Após a análise dos dados de morbidade, mortalidade e risco de óbito por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por covid-19 em gestantes e puérperas, foi considerado que o risco de agravamento e óbitos em gestantes e puérperas após a infecção por SARS-CoV2 mostrou uma elevação significativa nas semanas 17 a 23 de 2021, sendo então recomendado a retomada da vacinação contra covid-19 em gestantes sem comorbidades e/ou fatores de risco com as vacinas inativadas (Coronavac) e de mRNA (Pfizer), sem a necessidade de indicação ou relatório médico.
Recomendações atuais
- A Febrasgo reforça que a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por Covid-19 em gestantes e puérperas está associada a risco elevado de morbidade e mortalidade materna, além do maior risco de prematuridade e óbito fetal;
- Em consonância com o PNI (Plano Nacional de Imunização), a Febrasgo recomenda a retomada da vacinação das gestantes sem comorbidades e ou fatores de risco, com as vacinas disponíveis no país que não contenham vetor viral, ou seja as inativadas (Coronavac©) e as de mRNA (Pfizer). A Febrasgo entende que o uso de vacinas covid-19 em gestantes com e sem comorbidades ou fatores de risco deve ocorrer independente da indicação médica, sendo apenas necessário, se assim for o desejo da gestante ou puérpera, da apresentação do cartão de pré-natal ou registro do nascimento da criança. As gestantes e puérperas incluídas nos grupos prioritários, definidos pelo PNI e as sem comorbidades e/ou fatores de risco, agora também contempladas, que ainda não tenham sido vacinadas deverão ser imunizadas de acordo com cronograma do PNI do seu município, com vacinas covid-19 que não contenham vetor viral, ou seja, Coronavac e Pfizer;
- De acordo com a reunião da CTAI (Camara técnica assessora de imunizações) do dia 2 de julho de 2021, as gestantes e puérperas (incluindo as sem fatores de risco adicionais) que já receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca-Oxford/Fiocruz, poderão aguardar o término do período da gestação e puerpério (até 45 dias pós-parto) para a administração da segunda dose da vacina ou podem optar por tomar a segunda dose preferencialmente com a vacina da Pfizer e nos locais aonde não estiver disponível, com a Coronavac. As gestantes e puérperas (incluindo as sem fatores de risco adicionais) que já tenham recebido a primeira dose de outra vacina COVID-19 que não contenha vetor viral (Sinovac/Butantan ou Pfizer) deverão completar o esquema com a mesma vacina nos intervalos habituais.
A Febrasgo ressalta que essas recomendações poderão ser revistas a qualquer momento de acordo com novas evidências científicas.
Brasil, 5 de julho de 2021.
O gargalo da formação na assistência à saúde de pessoas LGBTQIA+
Dra. Lucia Alves Lara comenta avanços e desafios da atenção ginecológica a mulheres que fazem sexo com mulheres e pessoas com incongruência de gênero
São Paulo, junho de 2021. “Em todo o Brasil, de modo geral, a formação de profissionais de saúde sobre as demandas específicas da população LGBTQIA+* é muito precária. A falta de acolhimento, que muitas dessas pessoas relatam, passa pela falta de conhecimento da equipe de saúde. A partir de 2016, esse tema começou a ficar mais recorrente em congressos, debates com o poder público, ligas estudantis – sobretudo a respeito de mulheres e homens trans e mulheres que fazem sexo com mulheres. Mas ainda há uma grande lacuna de informação”, explana a ginecologista Dra. Lúcia Alves da Silva Lara – presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) – sobre os desafios da assistência à saúde de pessoas LGBTQIA+.
Estima-se que hoje, no país, 10% da população apresentem gênero e/ou sexualidade tidos como não normativos. O grupo de pessoas transexuais compreende fatia um pouco menor – de 0,3% a 0,9% 1, 2. Entretanto, apesar do elevado contingente, a ainda incipiente difusão de informações técnicas promovem cenários de invisibilidade desses grupos no cotidiano da saúde, refletindo em evasão de cuidados preventivos e de assistência médica. No âmbito da saúde sexual de mulheres que fazem sexo com mulheres, um estudo de 2012, do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, apontou que apenas 2% se previnem contra as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), em razão do desconhecimento de medidas preventivas e/ou ausência de produtos específicos para esta finalidade. Dados de pesquisa da Universidade Estadual Paulista, de 2017, com 150 mulheres de semelhante estratificação, revelou que 47,3% delas apresentava algum tipo de IST3.
A especialista da Febrasgo aponta que o caminho para evitar cenários como este passa pela capacitação de equipes médicas (estudantes, ginecologistas, enfermeiros, paramédicos etc) de modo universal. “Essa população existe e não pode ser ignorada. É fundamental que as universidades discutam temas ligados às necessidades desse grupo. Bem como, o Ministério da Saúde atue na formação de programas de saúde voltados às pessoas LGBTQIA+. E as Secretarias de Saúde dos estados e municípios realizem treinamentos contínuos. Ainda há muita diferença nos serviços e qualidade de atendimento em diferentes centros médicos e regiões do país”.
Em outra medida, no âmbito dos avanços observados, nos últimos anos, a especialista destaca iniciativa do Conselho Federal de Medicina (CFM) que atualizou as normas de atendimentos às pessoas com incongruência de gênero – reduzindo a idade mínima para realização de terapias hormonais e cirurgias.
“Há muito ainda a fazer. Há uma ignorância da população e de parte da classe política sobre essas pessoas. Não se trata de opção. Existe uma base biológica que precisa ser conhecida, discutida por todos. É muito importante que essa conversa ocorra também em outras esferas”, finaliza a Dra Lucia.
* Sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras variedades de manifestações de gênero e sexualidade.
- Johnson EL, Kaplan PW. Caring for transgender patients with epilepsy. Epilepsia. 2017 Oct;58(10):1667-72. PubMed PMID: 28771690.
- Febrasgo. Comissão de Sexologia. Disponível em https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/411-aspectos-da-transexualidade#_ENREF_5
- Andrade, Juliana. Vulnerability to sexually transmitted infections of women who have sex with women. 2020. Disponível em https://doi.org/10.1590/1413-812320202510.03522019
Grávidas morrem mais por covid, mas vacinação do grupo ainda é lenta
Desde o começo da pandemia, 11.390 gestantes tiveram diagnóstico de COVID-19 no Brasil e 950 morreram, ou 8,3% segundo dados do Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19.A situação ficou ainda mais grave este ano: em 2021, dos 5.943 casos, entre grávidas, 667 morreram, ou seja, 11,2%.
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