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Falta de informação e uso incorreto de métodos anticoncepcionais têm impacto direto no planejamento familiar

No Brasil, pesquisa aponta que cerca de 62% das mulheres entrevistadas afirmaram ter experimentado pelo menos uma gestação não planejada

Celebrado em 26 de setembro, o Dia Mundial da Anticoncepção é uma data que reforça a importância do acesso à informação como a principal forma de garantir às mulheres o direito de escolha sobre os métodos anticoncepcionais. De acordo com  pesquisa realizada pela Bayer, em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e conduzida pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), em 2022, cerca de 62% das mulheres que responderam ao questionário relataram ter experimentado pelo menos uma gestação não planejada. Sobre a dificuldade em prevenir a gestação, 34% disseram “não fazer o uso do método”, 27% apontaram “falha do método” e 20% o “uso de maneira errada”. 

Para a Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão de Anticoncepção da FEBRASGO, apesar da alta cobertura de métodos contraceptivos modernos no Brasil - superando 70% - o país ainda enfrenta um número elevado de gravidezes não planejadas.

"O impacto de uma gravidez não planejada é sempre significativo. Ela afeta diversos aspectos da vida da mulher, incluindo o social, o econômico, o emocional e o familiar. Por isso, é fundamental que reflitamos sobre essa questão e busquemos formas de melhorar o acesso à informação e aos métodos contraceptivos", afirma.

Para a especialista, a importância do planejamento familiar vai além da simples prescrição de um método contraceptivo, é essencial que as pessoas tenham acesso às informações e a um aconselhamento efetivo. "Hoje, dispomos de um amplo arsenal de métodos contraceptivos modernos, que são eficazes e seguros. No entanto, muitas vezes enfrentamos desafios em oferecer acesso adequado e um seguimento apropriado. É fundamental que a escolha do método contraceptivo seja feita de forma informada, e esse é um papel essencial do ginecologista", explica. 

A médica destaca que a capacidade da mulher de decidir se e quando engravidar tem um impacto direto em sua saúde e bem-estar. O planejamento familiar possibilita um espaçamento adequado entre as gestações e pode ajudar a adiar a gravidez em mulheres jovens, que têm maior risco de complicações e morte relacionadas à gestação precoce. Além disso, ele previne gravidezes indesejadas, especialmente em mulheres mais velhas, que enfrentam riscos mais elevados durante a gravidez. O planejamento familiar também permite que as mulheres que desejam limitar o tamanho de suas famílias o façam de maneira segura.

“Ao se organizar e planejar o futuro, toda a família se beneficia, pois permite que cada etapa da vida seja vivida com qualidade e saúde. Além disso, o planejamento proporciona maior segurança em situações inesperadas, seja em questões financeiras ou de saúde”, comenta.

 

Uso adequado do anticoncepcional

A especialista enfatiza que, para minimizar os riscos de falha, o médico deve informar a eficácia da pílula e explicar as estratégias de uso. “Recomendar aplicativos que ajudem as pacientes a lembrar de tomar o anticoncepcional nos horários corretos é uma ação simples, mas que pode trazer resultados positivos. Além disso, os métodos contraceptivos de longa duração e reversíveis (LARCs), como DIU, SIU e implante hormonal, são altamente eficazes e devem ser sempre recomendados pelo ginecologista. No entanto, independentemente do método escolhido, é essencial garantir que a mulher entenda a segurança do mesmo e receba orientações sobre seu uso adequado”, explica.

Efeitos colaterais e benefícios

Um dos principais benefícios dos contraceptivos hormonais é a redução das gravidezes não programadas e indesejadas, que no Brasil superam 60%. No entanto, eventos adversos podem ocorrer, sendo essa a principal razão para a interrupção do uso, com uma frequência que pode ser até duas vezes maior do que entre mulheres que não utilizam o método. Os efeitos colaterais mais comuns com pílulas contraceptivas são náuseas, sangramento inesperado, dor mamária, cefaléia, ganho de peso e acne.

Em contrapartida, os efeitos benéficos não contraceptivos variam conforme o tipo de contracepção hormonal e incluem, dentre outros, o controle dos sintomas da Síndrome dos Ovários Policísticos, a diminuição dos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), o manejo da dismenorreia, o tratamento da endometriose, a redução do fluxo menstrual e a regularização do ciclo menstrual.

A FEBRASGO vem desenvolvendo há décadas, um projeto voltado para oferecer aos ginecologistas informações e formação adequadas para que atuem no planejamento familiar de maneira segura, consciente e eficaz. “Para as mulheres, nosso objetivo é garantir um acesso cada vez maior a informações relevantes. Estamos comprometidos em continuar essa missão na FEBRASGO. Convido todos a acompanhar nossos canais, onde disponibilizamos vídeos, aulas e atualizações. Juntos, podemos aumentar o conhecimento sobre esse tema tão importante", finaliza.



Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão de Anticoncepção da FEBRASGO.

Irregularidades menstruais na adolescência são normais?

Ginecologistas alertam sobre as causas da irregularidade nos primeiros ciclos menstruais

 

A menstruação das adolescentes pode gerar dúvidas entre os pais, especialmente porque, durante essa fase, o corpo das meninas está passando por significativas transformações relacionadas à puberdade. Um dos principais questionamentos é a irregularidade do ciclo menstrual, que é comum e normal nos primeiros anos após a menarca. O Dia do Adolescente, celebrado anualmente em 21 de setembro, é uma oportunidade para refletir sobre essa fase essencial do desenvolvimento humano, destacando a importância do diálogo para garantir a saúde deste público.

A Dra. Erika Krogh, membro da Comissão Nacional Especializada de Ginecologia na Infância e Adolescência da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que esse ciclo não se limita a um aspecto biológico, ele exerce um impacto significativo na autoestima e na saúde mental das adolescentes porque muitas delas enfrentam sintomas intensos antes e durante a menstruação, o que pode interferir na rotina diária.

“É comum que cólicas severas e um fluxo menstrual intenso resultem em faltas na escola. Esse mal-estar pode levar as jovens a evitar a socialização e a temer situações cotidianas, como realizar provas ou participar de atividades escolares. Portanto, é essencial que as meninas que sofrem com esses sintomas mais severos recebam o tratamento adequado, garantindo uma melhor qualidade de vida e ajudando-as a enfrentar a chegada do período menstrual com confiança, sem medo das limitações que ele pode impor”, diz a médica.

O início da menstruação pode ocorrer entre os 9 e 16 anos, e essa variação é considerada normal. A especialista comenta que hoje é observada uma mudança no padrão mundial da menstruação, com as meninas começando a menstruar mais cedo do que no passado, embora ainda não antes dos 9 anos. “Para que consideremos a menstruação até os 16 anos como normal, é importante que a menina já tenha apresentado algum grau de desenvolvimento das mamas e outros caracteres sexuais secundários”, explica.

A especialista esclarece que o ciclo menstrual tende a se regularizar nos dois primeiros anos após a menarca, a primeira menstruação. Nesse período, é comum que os ciclos sejam bastante irregulares: a adolescente pode menstruar regularmente todo mês, ter períodos ausentes ou até menstruar a cada 15 dias. Não há um padrão fixo nessa fase inicial.

“Entre dois a três, é possível observar uma tendência de regularidade. Isso não significa que a menstruação ocorra no mesmo dia todos os meses, mas sim que ela começa a seguir um intervalo consistente entre os ciclos—como a cada 25, 28, 32 ou até 35 dias. É importante enfatizar que não há uma regra rígida, mas a regularidade é um sinal positivo. Por isso, é fundamental orientar as adolescentes a anotarem suas menstruações. Esse registro ajuda a identificar quando o ciclo começa a se estabilizar e facilita a detecção de quaisquer irregularidades que possam surgir”, destacou a Dra. Erika.

Durante o ciclo menstrual é comum observar sintomas como oscilações de humor, com variações de sentimentos entre tristeza e alegria. Muitas adolescentes também relatam retenção de líquido, dor nas mamas e cólicas. A digestão pode ficar um pouco comprometida, e algumas mulheres experimentam alterações intestinais, como diarreia ou constipação. “É importante ressaltar que esses sintomas variam bastante de mulher para mulher. Algumas meninas podem não sentir nenhum desconforto, enquanto outras podem apresentar sintomas intensos, como cólicas severas ou episódios de náusea e dor de cabeça. Essa diversidade nas experiências é normal, e cada adolescente vivencia essa fase de maneira única”, reforça.

De acordo com a médica, outra observação importante é que quanto mais estruturada for a rotina da menina, mais rapidamente o padrão menstrual tende a se estabelecer. “Meninas que variam seus horários de sono - como dormir às duas da manhã em um dia, às três em outro e meia-noite em outro  - podem encontrar dificuldades em regular o ciclo. O sono, de fato, desempenha um papel fundamental na regularidade menstrual”, pontua.

A especialista diz que manter uma boa qualidade de vida é essencial como dormir cedo, praticar atividades físicas regularmente e assim como manter um peso saudável, são fatores que influenciam diretamente o ciclo menstrual. “Por isso, é importante que as adolescentes tenham consciência dessas práticas para promover uma saúde menstrual equilibrada”, finalizou.

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