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Dor na genitália e na relação sexual

Quarta, 12 Julho 2017 09:30
A dor durante a relação sexual pênis-vagina pode estar associada a fatores psíquicos e biológicos e tem alta prevalência em mulheres. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o Transtorno de Dor Gênito-Pélvica/Penetração (DGPP) engloba a dispareunia e o vaginismo. A DGPP compreende os seguintes sintomas: dor gênito-pélvica, dificuldade à penetração vaginal, medo associado à penetração vaginal, tensão da musculatura do assoalho pélvico à tentativa de penetração(1).
 
A CID-10 vigente no Brasil traz os conceitos de dispareunia classificada como superficial ou profunda. A dispareunia superficial refere-se à dor percebida em região vulvovestibular no inicio da penetração, ou durante a relação sexual, com o movimento do pênis dentro da vagina. Esta condição está relacionada com vários fatores como infecções, hipoestrogenismo, infecção no trato urinário, lubrificação vaginal inadequada, prolapso, entre outros(2). Na dispareunia profunda a dor se manifesta na vagina proximal e no hipogástrio estando, frequentemente, associada a dor pélvica crônica(3).

O DSM-IV define o vaginismo como espasmo involuntário recorrente ou persistente da musculatura do terço distal da vagina(4). De acordo com o DSM-V essa condição passou a ser caracterizada como a dificuldade na penetração vaginal associada a dor, medo e contração da musculatura do assoalho pélvico no momento da relação sexual(5). É importante ressaltar que discriminar a dispareunia do vaginismo é difícil como já mostraram alguns autores(1).

A dor persistente na vulva compreende dois grandes subgrupos: dor vulvar e vulvodinia. A dor vulvar pode ser de etiologia infecciosa (herpes genital, candidíase), por líquen, neoplásica, iatrogênica (pós-radioterapia), hormonal, entre outras. Já a vulvodínia é definida como dor vulvar por mais de 03 meses e sem etiologia identificável, mas pode estar relacionada com disfunções musculoesqueléticas, neuroproliferativas, e psicossomáticas(6). A vulvodínia caracteriza-se por dor vulvar idiopática do tipo queimação, em vulva e vestíbulo vaginal de pelo menos 03 meses de duração(7) sendo necessário para o diagnóstico, afastar as patologias infecciosas, inflamatórias, neoplásicas ou neurológicas(8). A fisiopatologia da vulvodínia é ainda incerta, mas, parece ser multifatorial, englobando fatores de neuroproliferação, miofasciais, hormonais, imunológicos, psicossociais, redução do limiar de dor, polimorfismos genéticos, entre outros(7).

Devido a complexidade da dor na região genital e durante e a relação que tem na vida sexual e na qualidade de vida da pessoa, o tratamento da dor DGPP, muitas vezes, requer ações multidisciplinares algumas envolvendo procedimentos médicos, psicoterápicos, e fisioterapêuticos entre outros.     



Escrito por: Julia KefalásTroncon: Ginecologista e Obstetra, com Mestrado pela USP, médica assistente do Ambulatório de Estudos em Sexualidade Humana, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.
Heliana Aparecida da Silva Pandochi: Fisioterapeuta, com Mestrado pela USP em tratamento da dor genito-pelvica de penetração.



Referências

  1. Lahaie MA, Amsel R, Khalife S, Boyer S, Faaborg-Andersen M, Binik YM. Can Fear, Pain, and Muscle Tension Discriminate Vaginismus from Dyspareunia/Provoked Vestibulodynia? Implications for the New DSM-5 Diagnosis of Genito-Pelvic Pain/Penetration Disorder. Archives of sexual behavior. 2015 Aug;44(6):1537-50. PubMed PMID: 25398588.
  2. Binik YM. The DSM diagnostic criteria for dyspareunia. Archives of sexual behavior. 2010 Apr;39(2):292-303. PubMed PMID: 19830537.
  3. Heim LJ. Evaluation and differential diagnosis of dyspareunia. American family physician. 2001 Apr 15;63(8):1535-44. PubMed PMID: 11327429.
  4. Binik YM. The DSM diagnostic criteria for vaginismus. Archives of sexual behavior. 2010 Apr;39(2):278-91. PubMed PMID: 19851855.
  5. Lahaie MA, Amsel R, Khalife S, Boyer S, Faaborg-Andersen M, Binik YM. Can Fear, Pain, and Muscle Tension Discriminate Vaginismus from Dyspareunia/Provoked Vestibulodynia? Implications for the New DSM-5 Diagnosis of Genito-Pelvic Pain/Penetration Disorder. Archives of sexual behavior. 2015 Aug;44(6):1537-50. PubMed PMID: WOS:000358137500003. English.
  6. Bornstein J, Goldstein AT, Stockdale CK, Bergeron S, Pukall C, Zolnoun D, et al. 2015 ISSVD, ISSWSH, and IPPS Consensus Terminology and Classification of Persistent Vulvar Pain and Vulvodynia. The journal of sexual medicine. 2016 Apr;13(4):607-12. PubMed PMID: 27045260.
  7. Pukall CF, Goldstein AT, Bergeron S, Foster D, Stein A, Kellogg-Spadt S, et al. Vulvodynia: Definition, Prevalence, Impact, and Pathophysiological Factors. J Sex Med. 2016 Mar;13(3):291-304. PubMed PMID: 26944461.
  8. Haefner HK, Collins ME, Davis GD, Edwards L, Foster DC, Hartmann ED, et al. The vulvodynia guideline. Journal of lower genital tract disease. 2005 Jan;9(1):40-51. PubMed PMID: 15870521.
  9. Goldstein AT, Pukall CF, Brown C, Bergeron S, Stein A, Kellogg-Spadt S. Vulvodynia: Assessment and Treatment. The journal of sexual medicine. 2016 Apr;13(4):572-90. PubMed PMID: 27045258.
  10. Alvarez DJ, Rockwell PG. Trigger points: diagnosis and management. American family physician. 2002 Feb 15;65(4):653-60. PubMed PMID: 11871683.
  11. Fageeh WM. Different treatment modalities for refractory vaginismus in western Saudi Arabia. J Sex Med. 2011 Jun;8(6):1735-9. PubMed PMID: 21477018. Epub 2011/04/12. eng.
 

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