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Dia Mundial de Luta Contra o Câncer: Terapias inovadoras elevam a qualidade de vida de quem recebe o diagnóstico de Câncer de Ovário

Diagnóstico precoce deste tipo de tumor ainda é um desafio para a medicina e novos tipos de tratamento podem melhorar a qualidade de vida das pacientes

 

No Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, 8 de abril, a Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância da conscientização sobre o câncer de ovário, uma doença de difícil diagnóstico que afeta muitas mulheres. Classificado como o sétimo tipo mais comum, representa a nona causa de morte por câncer entre mulheres em todo o mundo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que entre os anos de 2023 e 2025 sejam diagnosticados anualmente mais de 7 mil novos casos dessa neoplasia.

 

Dificilmente detectado em estágio inicial, o câncer de ovário pode progredir com poucos sintomas, tais como sensação de aumento do volume abdominal, empachamento, alteração do hábito intestinal. O Dr. Eduardo Candido, presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, destaca que estes sinais e sintomas podem ser confundidos com outras patologias mais comuns e que muitas vezes não se considera a possibilidade da presença desta doença. Tal situação resulta em mais de 2/3 dos casos diagnosticados em estágios avançados, comprometendo a qualidade e a expectativa de vida das pacientes.

 

“Grande parte dos fatores de risco relacionados ao câncer dos ovários não são modificáveis, tais como uma história familiar de parentes com câncer de mama, ovário, endométrio ou colorretal, mutações em alguns genes como os chamados BRCA 1 e 2, idade entre 50 e 79 anos. Situações que expõem as pacientes ao constante processo ovulatório (primeira menstruação precoce, menopausa tardia, ausência de gestação, não amamentação e não uso de contraceptivos que bloqueiam a menstruação) também predispõem ao desenvolvimento deste tumor. Pesquisas recentes mostram uma possível origem de neoplasias ovarianas originando-se das tubas e, por isso, algumas sociedades internacionais de especialidades, recomendam, em determinadas situações, a realização da retirada das tubas, como uma possibilidade de redução do risco deste tumor”, alerta o médico.

 

Até o momento, não há um exame preventivo para o diagnóstico precoce do câncer de ovário, semelhante ao Papanicolau para o câncer de colo uterino. Alguns estudos tentaram avaliar o papel da detecção precoce do câncer de ovário, mas os resultados não foram satisfatórios em mulheres sem histórico familiar positivo para essa neoplasia ou síndromes genéticas.

 

“Na prevenção do câncer, adotar hábitos saudáveis é como construir uma fortaleza para o nosso corpo, fortalecendo-o contra as investidas da doença. Cuidar da alimentação, praticar atividades físicas regularmente, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de buscar acompanhamento médico regular, são as melhores armas que temos para defender nossa saúde”, reforça o Dr. Eduardo.

 

Tratamento

 

A cirurgia é o principal tratamento para o câncer de ovário. A remoção completa do tumor é fundamental, pois a presença de qualquer resíduo tumoral pode afetar significativamente o prognóstico da paciente. “Quando há tumor residual, mesmo que pequeno, o prognóstico piora consideravelmente. Portanto, é essencial que o especialista em ginecologia oncológica avalie cuidadosamente a possibilidade de remover ou não o tumor, levando em consideração o exame físico e os exames de imagem, como a Ressonância Magnética”, pontuou o ginecologista.

 

Outro pilar efetivo para o combate a esta doença, se faz pela quimioterapia, que pode ser utilizada em associação com a cirurgia, antes ou depois desta, a depender do julgamento de uma equipe multidisciplinar, que avalia os casos individualmente estabelecendo a melhor forma do cuidado com as pacientes.

 

Por exemplo, quando, pela avaliação das imagens ou mesmo na fase inicial da cirurgia observa-se que a remoção completa do tumor não é viável, a quimioterapia surge como opção primária no tratamento.

 

Terapia Alvo

 

O médico da FEBRASGO destaca que já estão bem estabelecidos novos modelos de tratamento. Os medicamentos empregados como terapias-alvo em oncologia com tecnologia especializada, quando corretamente indicados, podem aumentar a expectativa de vida das pacientes. Para tanto, as pacientes precisam realizar análises genéticas para identificar tais mutações e se submeterem a terapia adequada.

 

"Isso tem mudado muito o ciclo deletério das pacientes com câncer de ovário avançado. Essas novas drogas podem alterar os aspectos negativos da doença. Temos observado um significativo aumento de sobrevida e melhoria na qualidade de vida, sem a necessidade de repetidas cirurgias ou ciclos de quimioterapia, com o suporte desses medicamentos”, finaliza o ginecologista.

Saúde Feminina: Infecções vaginais são uma das queixas mais comuns entre as mulheres que buscam atendimento ginecológico

Compreender o funcionamento da flora vaginal é fundamental para promover a saúde íntima feminina, especialmente no Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril. As infecções vaginais são uma das queixas mais comuns entre as mulheres que buscam atendimento ginecológico. Sintomas como corrimento, irritação, coceira e ardor, experimentados por cerca de 75% das mulheres, são indicativos dessas infecções, causadas por micro-organismos como a candidíase, vaginose bacteriana e tricomoníase.

 

A doutora Adriana Campaner, presidente da Comissão de Trato Genital Inferior da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO), alerta que existem medidas simples que a mulher pode adotar para uma higiene adequada. "A primeira em relação à limpeza, quando for ao toalete, limpe sempre de frente para trás e, ao evacuar, prefira realizar uma lavagem ou utilizar lenços umedecidos neutros, como aqueles próprios para bebês, limpando a área para remover os resíduos de fezes e bactérias. Na hora da limpeza, evite utilizar sabonetes muito perfumados, pois esses podem irritar a região. Se possível, utilize produtos específicos para higiene íntima, pois eles podem ser utilizados todos os dias", ressaltou.

 

Há uma variedade de produtos de higiene íntima disponíveis no mercado, e é recomendável que as mulheres optem por aqueles produzidos por laboratórios farmacêuticos conhecidos. “É importante ter cautela, pois muitos desses produtos contêm fragrâncias intensas, o que pode resultar em irritação, alergias, coceira, e até mesmo lesões na pele se utilizados inadequadamente”, alerta a especialistas.

 

A falta de higiene pode resultar em odor vaginal e desconforto, especialmente porque na região da vulva, mesmo na ausência de infecção vaginal, há produção de glândulas de suor e gordura, além de uma proliferação bacteriana. Os pelos longos também podem contribuir para esse desconforto, ao abafar a área. Dessa forma, mesmo sem qualquer infecção vaginal, a mulher pode experimentar um aumento no odor vaginal se não mantiver uma higiene adequada. Ao despir-se, a vulva pode apresentar odor devido a essa proliferação de bactérias e suor. Como alternativa, para pacientes com pelos longos, ao invés de depilar, recomenda-se simplesmente cortá-los com tesoura para mantê-los aparados.

 

A médica reforça que quando não se mantém uma higiene adequada, a mulher pode ficar exposta à contaminação por bactérias provenientes do intestino, o que aumenta o risco de infecções na vagina. Em relação a essas infecções, podem ocorrer infecções urinárias, que exigem o uso de antibióticos. “Quanto às infecções vaginais, as pacientes podem apresentar corrimento, cuja coloração varia de acordo com o agente causador. Por exemplo, na candidíase, o corrimento é branco e lembra nata de leite; na tricomoníase, de cor amarelada, assemelha-se a pus. Já na vaginose bacteriana, o corrimento é de cor branca ou cinza em pequena quantidade, e a paciente relata um odor desagradável, semelhante ao peixe podre Além do corrimento, a paciente pode experimentar ardor local e irritação. O tratamento varia conforme a condição diagnosticada”, destacou.

 

A longo prazo, essas infecções podem se propagar para o útero, especialmente se ocorrerem repetidamente, o que pode resultar em inflamação das trompas. Se não tratada adequadamente, essa inflamação pode levar à infertilidade ou à dor pélvica. Além disso, infecções urinárias recorrentes podem se agravar e também resultar em complicações.

 

Cuidados com as peças íntimas

 

A atenção à escolha dos tecidos das roupas íntimas é fundamental para a higiene feminina. O algodão, por exemplo, é altamente recomendado devido à sua capacidade de permitir uma melhor circulação de ar, tornando as roupas mais respiráveis. Isso contribui para evitar o acúmulo de sujeira e odor nas peças íntimas.

 

Optar por tecidos mais confortáveis também reduz os riscos de irritações na pele, especialmente na região genital. Portanto, escolher roupas íntimas feitas de materiais adequados é parte essencial dos cuidados diários com a saúde íntima.

 

 

Cuidados durante a menstruação

 

Intensificar os cuidados durante o período da menstruação é essencial para manter a saúde íntima. Aqui estão algumas recomendações para diferentes tipos de absorvente:

  • Absorventes internos (tampões): Troque de preferência a cada 4 horas, dependendo do fluxo menstrual; a manutenção do absorvente por muito tempo no meio vaginal pode levar a proliferação bacteriana e risco de infecções.
  • Absorventes externos: Em geral, devem ser trocados a cada 3 a 4 horas, variando de acordo com a intensidade do fluxo.
  • Absorventes reutilizáveis (feitos de materiais laváveis, como pano ou silicone): As instruções de troca podem variar, mas costumam ser semelhantes às dos absorventes externos descartáveis. Sempre leia as orientações do fabricante.
Coletor menstrual: Esvazie de preferência a cada 4 horas, também dependendo da intensidade do fluxo menstrual e das instruções do fabricante. A manutenção do coletor por muito tempo no meio vaginal pode levar a proliferação bacteriana e risco de infecções.

Adenomiose e Infertilidade: Ginecologistas explicam sobre o impacto dessa condição no período reprodutivo

Abril Roxo é um mês importante para a conscientização sobre a adenomiose, doença em que o tecido endometrial cresce dentro das paredes musculares do útero, causando dor e problemas de fertilidade. A doença afeta uma em cada dez mulheres segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), representando uma condição comum durante o período reprodutivo.

 

O Dr. Ricardo Quintairos, presidente da Comissão de Endometriose da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece que a adenomiose refere-se à presença das células do endométrio infiltradas no miométrio (músculo uterino), enquanto a endometriose envolve a presença dessas células fora do útero, disseminadas pelo abdome (ovário, intestino, bexiga, trompas, etc.), locais onde normalmente não deveriam estar.

 

Evitar que a doença se desenvolva é desafiador, uma vez que é uma condição influenciada por fatores genéticos e imunológicos, dificultando a prevenção primária. No entanto, a prevenção secundária é possível e consiste em intervir para impedir a progressão da doença.

“Uma abordagem eficaz de prevenção secundária é agir precocemente, especialmente em jovens que apresentam suspeita de desenvolver a condição. Uma estratégia fundamental é suprimir a menstruação, evitando assim a estimulação hormonal, que contribui para o crescimento das lesões endometrióticas. Ao inibir a menstruação, é possível reduzir a produção de estrogênio, o que pode retardar o avanço da doença. Embora não seja possível interromper completamente o seu desenvolvimento, essa abordagem pode proporcionar uma evolução mais lenta da endometriose, possibilitando uma vida reprodutiva mais saudável”, alerta o especialista.

 

 

Sintomas

 

Os sintomas e são predominantemente caracterizados pela dor, manifestando-se através de dispareunia (dor durante a relação sexual), dismenorreia (cólicas menstruais intensas, sendo o sintoma mais marcante), sangramento uterino anormal (hipermenorreia, caracterizada por um fluxo menstrual excessivo), e dor pélvica crônica, persistindo ao longo do mês. As consequências a longo prazo incluem o agravamento da dor e do fluxo menstrual, podendo resultar em anemia significativa. Além disso, a infertilidade é uma complicação grave, especialmente prevalente em mulheres mais jovens, dificultando a concepção. A gravidade dessa infertilidade pode variar de acordo com a extensão e características da doença endometriótica.

 

Tratamento

 

O tratamento clínico, que visa inibir a ação do estrogênio. Este hormônio, responsável pela proliferação celular, estimula o crescimento das células endometriais. O médico da FEBRASGO explica que qualquer tratamento para a endometriose, seja ela interna (adenomiose) ou externa, deve incluir a inibição do hormônio estrogênio. Para isso, são utilizados diversos métodos contraceptivos e anticoncepcionais, que atuam de maneira eficaz. Além disso, progestágenos isolados também são empregados com sucesso no tratamento.

“Destaca-se entre esses métodos o sistema intrauterino de levonorgestrel, conhecido como DIU medicado. Este dispositivo tem um papel relevante no alívio da dor e na redução do sangramento uterino, especialmente em pacientes sem endometriomas, uma vez que não interfere na ovulação, mas sim na ação estrogênica na cavidade uterina”, enfatiza.

 

Casos cirúrgicos

O tratamento cirúrgico em casos de preservação da fertilidade é considerado heróico, sendo realizado principalmente em centros especializados. Essas cirurgias visam preservar a capacidade reprodutiva das pacientes, especialmente em condições como endometriose e adenomiose. Uma das técnicas utilizadas é a ressecção das paredes afetadas, que é realizada com precisão para minimizar danos aos tecidos.

“É importante destacar que a principal consequência da cirurgia, especialmente da histerectomia (remoção do útero), é a impossibilidade de uma gestação futura. Nesses casos, a mulher não pode mais engravidar ou dar à luz naturalmente”, destaca o médico.

Neste contexto, a cirurgia só é recomendada quando a paciente tem absoluta certeza de que não deseja mais ter filhos biológicos. No entanto, em certos casos, é possível preservar os ovários para que a mulher possa, dentro das normas regulamentadas pelo Conselho Federal, recorrer à ajuda de outras mulheres, como primas ou irmãs, para engravidar por meio de técnicas de reprodução assistida.

 

 

 

 

 

 

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