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A FEBRASGO apoia e defende as melhores condições de trabalho para todos os médicos ginecologistas e obstetras do Brasil que atuam nos serviços de interrupção legal da gravidez

O tema da interrupção da gravidez é sempre polêmico na esfera social e política. Na posição de Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia,  atuando no âmbito científico e profissional, defendendo e valorizando os especialistas, a nossa  participação  é sempre em prol da melhor ASSISTÊNCIA às mulheres, de acordo com as evidências científicas e preocupação ética com TODOS os nossos médicos.

​O tema do abortamento legal e seguro, para evitar a mortalidade materna pelo abortamento clandestino é fundamental. A definição do que se enquadra como abortamento legal, por outro lado, é discussão profunda e representativa em cada realidade, e em cada cultura e, certamente, deve seguir os ritos democráticos, parlamentares e sociais necessários para a construção dessa definição, e esse não é o ponto deste posicionamento FEBRASGO .

​O ponto de esclarecimento necessário no atual momento social é a identificação de alguns aspectos médicos e clínicos que não podem deixar de ser considerados nessa construção social.

​Existem atualmente, pelo Código Penal e Supremo Tribunal Federal, três situações que justificam e permitem o abortamento legal: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, quando resulta de estupro ou violência sexual (com o devido consentimento da gestante ou seu representante legal) e nos casos de anencefalia.

Apesar da legislação brasileira permitir a interrupção nos casos de estupro ou violência sexual, na prática existem pouquíssimos serviços devidamente habilitados e efetivos no Brasil, e a mulher que busca o exercício do seu direito nessa condição, tem enormes dificuldades de acesso e seguimento. Essas dificuldades são majoradas por movimentos sociais por vezes extremistas, de limitar a liberdade dessas mulheres/crianças, confinando-as para que não cheguem aos serviços de interrupção legal a tempo, hoje estipulado idealmente de até 22 semanas.

E aí entra o mais polêmico item: a idade gestacional  no momento da interrupção. Reste claro que, mesmo nos casos previstos por lei, o ideal para os médicos é realizar a interrupção o mais precocemente possível, de modo a minimizar o risco de complicações para a mulher, eventuais dificuldades técnicas e a questão da viabilidade fetal.

O que apresenta diferenças ferrenhas de posicionamento é o que fazer depois dessa fase, e aí se não utilizada a máxima da Medicina, “nem nunca, nem sempre”, podem ser afrontados princípios éticos inegociáveis no exercício da Medicina: a beneficência, a não-maleficência, a autonomia e a justiça.

Se por um lado não se pode banalizar do ponto de vista médico o fato de que a interrupção de uma gravidez após o limite da viabilidade fetal ser absurdamente diferente de antes de 22 semanas, por outro não se pode deixar que uma limitação fixa e inegociável de limite de idade gestacional cerceie definitivamente o exercício do direito de mulheres que se encontrem na situação de acesso aos abortos previstos em lei.

Hoje, esta manifestação da FEBRASGO quer ter o cuidado de respeitar igualmente os médicos que defendem irrestritamente o abortamento, os médicos que tem inegociáveis objeções de consciência. Mas, principalmente, quer manifestar e defender o que é o desejo de todos esses grupos e função de todos nós, no caso do abortamento legal e atualmente previsto em lei, excluídos aqui dessa discussão o outro inquietante e grave tema da interrupção voluntária da gravidez:

• Que as mulheres que assim o desejam tenham a possibilidade de exercer o seu direito de interrupção da gravidez previsto em lei, com (muitos) mais centros de referência habilitados, recursos humanos e capacitações, além da atuação social e política na prevenção e combate a todos os tipos de violência contra a mulher;

• Que os esforços da saúde e da política sejam no sentido de fornecer essa possibilidade legal o mais precocemente possível, por inúmeros motivos médicos, clínicos, assistenciais e psicológicos. Mundo ideal, até 12 semanas, boa indicação clínica: até 22 semanas e nos demais casos seja individualizado de acordo com critérios clínicos, de modo a nem impedir o exercício do direito, nem cair no conceito bioético da “ladeira escorregadia”(slippery slope) e banalizar interrupções tardias;

• Que os médicos, com nossa especial atenção, ginecologistas e obstetras que trabalham nesses serviços de referência tenham seus direitos trabalhistas e legais assegurados, num ambiente de trabalho organizado, bem estruturado, com as equipes, materiais e documentações necessárias e com o respaldo das instituições públicas para proteção e respeito das suas difíceis atividades;

• Que a sociedade, a justiça e os próprios médicos evoluam na discussão a fim de evitar equívocos e injustiças que atribuam aos profissionais de saúde responsabilidades individuais na garantia do exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, desde a anticoncepção até os casos de interrupção legal da gravidez. Essa responsabilidade é, em última análise e em verdade, do Estado Brasileiro e não pode ser atribuída, exigida e ainda de forma muitas vezes massacrante pela própria sociedade, ao trabalho diário dos médicos e profissionais de saúde que atuam, corajosamente, na ponta, no dia a dia de frente com a população.

A FEBRASGO manifesta o seu apoio e respeito a todos os profissionais que atuam nos serviços de interrupção legal da gravidez no Brasil e acolhe e valoriza o seu esforço hercúleo diário na tentativa de defender e proteger as meninas e mulheres nessa dificílima situação.

Avanços e desafios: o que podemos comemorar e reivindicar no Dia Internacional da Mulher

Febrasgo e Feito Para Ela destacam conquistas em prol da saúde feminina e defendem a importância da informação para combater a violência contra a mulher.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

O Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira 8 de março, é uma data importante para celebrar as conquistas em prol da saúde das mulheres, que, em diversos momentos da história, se uniram e ainda se unem para lutar pelos seus direitos.

Na área da saúde, diversos direitos e avanços transformaram para melhor a vida sexual, ginecológica e reprodutiva delas. “A expansão do acesso aos métodos contraceptivos, inclusive os de longa duração, nos serviços de saúde públicos e privados é um exemplo disso, pois permite que as mulheres tenham maior controle sobre sua saúde reprodutiva e planejamento familiar”, declarou a Dra. Fabiene Bernardes Castro Vale, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

As técnicas de reprodução assistida (TRA), como Fertilização In Vitro e Inseminação Artificial Intrauterina, também aumentaram as chances de realização do sonho da maternidade e “evoluem rapidamente, oferecendo esperança para casais e indivíduos que enfrentam desafios de infertilidade”.

Vale destacar as campanhas nacionais de rastreamento de diversas enfermidades que, se não tratadas a tempo, podem levar à morte. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, doenças como o câncer de mama e o câncer do colo de útero têm grandes chances de cura.

Dra. Fabiene analisa que tais avanços refletem o progresso da ciência, da medicina e da tecnologia e sinalizam as mudanças culturais e sociais na forma como a sociedade compreende e valoriza a saúde e os direitos das mulheres. “É importante reconhecer que ainda há desafios a serem enfrentados para garantir que todos esses avanços sejam acessíveis de maneira equitativa a todas as mulheres, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico, raça ou orientação sexual”, ressalta a médica.

Violência contra a mulher: o desafio do século

Outro grande desafio atual, reconhecido como um grave problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos, é a violência contra a mulher, que se apresenta em diferentes aspectos e traz profundas repercussões na saúde física, emocional, sexual e ginecológica das vítimas.

Nos dois primeiros anos da pandemia (2020 e 2021), um total de 7.691 mulheres foram assassinadas no Brasil, número trágico que revela a violência brutal que ceifa mais de 10 vidas femininas a cada dia no país, de acordo com o Atlas da Violência 2023, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além do feminicídio, as mulheres também sofrem cotidianamente com outros tipos de agressão. A cada 4 minutos, uma mulher é vítima de violência física. Por ano, ocorre cerca de 822 mil casos de estupro no Brasil, sendo 80% contra mulheres. Apenas 8,5% deles chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde. “Os efeitos do abuso sexual nas vítimas são vastos e podem ser físicos, psicológicos, emocionais e sociais, afetando a qualidade de vida dessas mulheres”, acentua Dra. Fabiene.

Ações da Febrasgo para mudar esse cenário

Diante desses números preocupantes e em atenção ao Dia Internacional da Mulher, a Febrasgo inicia uma jornada de informação para disseminar conteúdos importantes sobre os diferentes tipos de violência contra a mulher, como identificá-los e como ajudar as vítimas dessas agressões.

Os conteúdos serão divulgados mensalmente nos canais da Febrasgo e da plataforma Feito Para Ela. “O primeiro passo para reduzirmos o número de casos de violência contra a mulher é divulgar informações e orientar tanto as vítimas quanto os familiares e a sociedade em geral de que a violência existe e é papel de todos combatê-la. Sem informação, não há saúde”, afirmou a Dra. Marta Finotti, coordenadora do Feito Para Ela e do Núcleo Feminino da Febrasgo.

Essas ações se somarão a outras iniciativas da entidade, como:

  • Capacitação e atualização dos ginecologistas e obstetras, para que possam atender e orientar as mulheres vítimas de violência.

 

  • Criação do Núcleo Feminino: grupo composto inicialmente por 12 médicas para, entre outros objetivos, aumentar a conscientização sobre questões de saúde das mulheres e promover políticas e iniciativas que apoiem a saúde feminina. [https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1619-no-mes-de-celebracao-do-dia-internacional-da-mulher-febrasgo-anuncia-criacao-de-nucleo-feminino]

 

  • Parcerias com outras entidades para fortalecer a rede de informação e de apoio às mulheres vítimas de violência.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o dia 8 de março seja apenas de celebração, mas a Febrasgo está firme no compromisso de construir um presente e um futuro com mais saúde e segurança para todas as mulheres.

 

Diretor Científico da FEBRASGO recebe título de membro titular da Academia Mineira de Medicina

Em solenidade realizada dia 01 de março de 2024 no Centro de Convenções e Eventos da AMMG, o diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, recebeu o título de membro titular da cadeira de número 52 da Academia Mineira de Medicina, que tem como Patrono Dr. José Silva de Assis, e como último ocupante o Dr. José Carlos Ribeiro Resende Alves.

A FEBRASGO parabeniza o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho e seu merecimento por longos anos em alto grau de projeção no exercício da profissão.

Clique aqui e confira a gravação do evento.



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