FEBRASGO lança “Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério”
Em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde, o documento traz os cuidados específicos para este público classificado como grupo de risco.
Nesta última sexta-feira (1), a Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO), em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), lançou o "Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério". O documento aborda os cuidados diferenciados para o público em questão, e diante do aumento no número de gestantes com dengue e do risco elevado de formas graves nesse grupo, delineia-se um cenário de saúde pública que demanda atenção especializada.
A publicação do material se torna ainda mais importante, pelos dados que foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde, mostrando um aumento de 345,2% nos casos de dengue em mulheres grávidas nas primeiras seis semanas deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, no Brasil.
O Ministério da Saúde destacou durante o evento que no início do mês de fevereiro, houve um avanço significativo no fortalecimento de todas as ações em resposta à situação da Dengue no País, sendo instalado o Centro de Operações de Emergências para o enfrentamento da Dengue e de outras arboviroses. Essa medida representa uma estratégia amplamente adotada globalmente para lidar com questões de relevância para a saúde pública, não necessariamente uma emergência nacional ou internacional, mas sim uma abordagem organizada para uma resposta coordenada a eventos de importância para a saúde pública, independentemente de serem ou não uma emergência de saúde pública. Todas as secretarias do Ministério da Saúde participam deste centro de operações, e, além do ministério, inclui a FIOCRUZ, OPAS, CONAS e CONASEMS.
Durante a solenidade, a presidente da FEBRASGO, Dra. Maria Celeste Osório Wender, destacou a importância do grupo de trabalho (GT) - composto por 16 especialistas em ginecologia e obstetrícia, incluindo membros da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO - na concepção e construção do Manual que permitirá a todos os profissionais de saúde do Brasil uma abordagem especializada ao tratamento de mulheres grávidas e puérperas com Dengue: “Eu tenho que expressar muito a minha satisfação de poder presidir a FEBRASGO neste momento, e com a colaboração de pessoas que se dedicam ao trabalho, podermos estar representados aqui com esta significativa contribuição, que é este Manual. Nosso objetivo é unir esforços e trabalhar em prol da saúde da mulher brasileira, e temos o desejo fervoroso de intensificar nossa atuação com ainda mais qualidade e intensidade. Muito obrigada e parabéns ao nosso grupo de trabalho”.
Também estiveram presentes no lançamento, membros do grupo de trabalho (GT), como o Dr. Antônio Braga, também Coordenador Estadual da Saúde das Mulheres no Rio de Janeiro, o Dr. Geraldo Duarte, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em doenças infectocontagiosas da FEBRASGO e o Dr. Regis Kreitchmann, atual presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, e a dra Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO. Durante sua apresentação, Dr. Braga abordou os conceitos técnicos disponíveis no material e reforçou a importância do cuidado assistencial especializado às mulheres grávidas e puérperas com sintomas de Dengue: “Uma vez infectadas, as gestantes têm maiores chances de apresentar desfechos desfavoráveis em comparação com as não gestantes. Portanto, esse grupo é de especial interesse e cuidado. Este protocolo servirá como diretriz abrangente para a prevenção, tratamento e diagnóstico, contribuindo significativamente para a segurança e bem-estar das gestantes e puérperas durante esse período crítico", enfatiza o especialista”.
Muito emocionado, Dr. Geraldo Duarte relembrou seu trabalho com gestantes de risco e a infeliz experiência de perder pacientes gestantes para a Dengue, e reforçou a importância do Manual como apoio para os profissionais da Saúde: “Eu digo que o manual é um recém-nascido que já nasce com a responsabilidade de cuidar. Nós temos um compromisso com a saúde das mulheres grávidas e puérperas. O objetivo desse material é auxiliar as equipes de Saúde no atendimento a estas pacientes.”
“A FEBRASGO demonstra sua preocupação com a saúde das gestantes e puérperas. A nossa prioridade é garantir a saúde da gestante e do bebê, por isso atuamos para orientar e capacitar os ginecologistas e obstetras de todo o país. Este guia de orientações é de extrema importância para a saúde pública, especialmente diante do que pode ser a pior epidemia de dengue já registrada no Brasil, com as gestantes e potencialmente as puérperas representando um grupo de alto risco de mortalidade”, finaliza a presidente da FEBRASGO.
Em complemento às iniciativas relacionadas à Dengue, a FEBRASGO promoverá outras ações, entre elas uma transmissão ao vivo em seus canais digitais no próximo dia 5 de março, às 19h, abordando a epidemia da dengue no Brasil e na gestação.
Para mais detalhes, o “Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério” está acessível no site da FEBRASGO: https://www.febrasgo.org.br/pt/manual-de-prevencao-dengue-na-gestacao
Principais recomendações às gestantes
Gestantes devem priorizar o uso de repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como picaridina, icaridina, N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), IR 3535 ou EBAAP. O Dr. Antônio Braga destaca que repelentes naturais, como óleos caseiros de citronela, andiroba e capim-limão, carecem de eficácia comprovada e não possuem aprovação da Anvisa até o momento.
Dado que não há medicamentos específicos para combater o vírus da dengue, em casos de menor gravidade, sem sinais de alarme, a orientação é repouso e aumento da ingestão de líquidos. Gestantes com dengue requerem avaliação diária, incluindo repetição do hemograma até 48 horas após a febre desaparecer. Para casos mais simples, o acompanhamento ambulatorial é recomendado. Entretanto, se o estado for grave, com sinais de alarme, a internação é indicada. Em situações de choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos, a paciente deve receber tratamento em uma unidade de terapia intensiva.
Clique aqui e confira a gravação do evento no canal oficial do Ministério da Saúde.
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