Perguntas e respostas sobre Reprodução Humana
Monday, 13 April 2020 12:45
Todas as informações abaixo, estão sujeitas a alterações.
Data da última atualização 13/04/2020 - 12h49
Perguntas e respostas sobre Reprodução Humana
1. Devo adiar o início de um ciclo de Reprodução Assistida?
Data da última atualização 13/04/2020 - 12h49
Perguntas e respostas sobre Reprodução Humana
1. Devo adiar o início de um ciclo de Reprodução Assistida?
As incertezas sobre a pandemia COVID-19 são grandes, e há no momento apenas recomendações de precaução a casais com infertilidade e desejo de fazer um ciclo de Reprodução Assistida, sem evidências científicas suficientes ainda no momento. A infertilidade é uma doença, e seu tratamento médico é uma necessidade, mas não se trata de uma emergência médica. Vários procedimentos médicos não emergenciais estão sendo suspensos em todo o mundo, a depender de características e tempo de evolução da pandemia em cada local.
Existe uma situação de maior emergência, que são os casos de preservação de fertilidade por razões oncológicas, onde o tratamento não deve ser postergado. Outra situação menos impactante refere-se a pacientes com baixa reserva ovariana e/ou idade avançada, mas nestes casos atraso de alguns meses não tem uma consequência tão ruim. Na China a maioria dos serviços, exceto em Wuhan, já restabeleceram atividades, o que nos dá uma perspectiva de um certo retorno a normalidade em 2 a 3 meses, portanto o mês de abril certamente será desfavorável, e em meados de maio/início de junho poderia haver algum retorno de atividades. A Itália, outro país muito afetado, parou a grande maioria dos ciclos e apenas algumas poucas clínicas, em locais menos afetados, como no sul do país, continuam ainda atividades. Entretanto, qualquer previsão sofre riscos enormes de serem não confirmadas, a depender de políticas governamentais ou adesão da população ao isolamento social.
Os riscos que envolvem começar um procedimento, que dura cerca de duas semanas, é acontecer fatos novos que requeiram medidas drásticas, como por exemplo decretos governamentais aplicando o isolamento total (lockdown ou shelter in place), acometimento pela doença da equipe cuidadora com falta de profissionais habilitados no momento da coleta de óvulos ou a própria paciente e seu parceiro(a) serem acometidos pela doença, o que acarretariam a perda total do ciclo. Cada clínica deve também avaliar suas condições de trabalho, quantos e quais funcionários dependem de transporte público, tem contatantes entre familiares, necessitam ficar com filhos que estão sem escola, etc.
Neste sentido, a ASRM (17 de março 2020) e a ESHRE (14 março 2020), assim como ACOG, Fertility Society of Australia, e Br Fertil Society, recomendam suspender novos ciclos de tratamento, incluindo indução de ovulação, IUI, FIV e preservação de gametas não urgentes, e no Brasil a grande maioria das clínicas tem adotado esta postura, pois estamos, em final de março, provavelmente no início do pico de contaminação social. Também encerrar os ciclos tem sido aconselhado, com congelamento de embriões ou óvulos. Estas medidas são fortemente apoiadas pela FEBRASGO. De acordo com a OMS, não há evidência significativa de que a gestação por si seja de maior risco em mulheres afetadas, ao contrário da epidemia do H1N1, onde o risco gestacional era muito maior. Mas há que se considerar que uma gestante pode ser acometida pela doença e ter as complicações inerentes, o que é sempre um risco adicional. Quanto a transmissão vertical, apenas um trabalho nesse instante mostrou um caso de possível transmissão, e por isso não podemos dizer nada ainda quanto a isso.
Assim, entendemos que nesse momento a suspensão de novos ciclos é a atitude mais sensata, devido a própria pandemia e suas consequências. O período a ser mantido é impossível de prever no momento, mas a própria gravidez não parece ser contra indicada apenas pela infecção, embora a pandemia tenha consequências em qualquer serviço de atendimento médico.
O atendimento das pacientes, com apoio e suporte, deve ser continuado, e se possível a distância, a fim de evitar contatos. A Telemedicina foi autorizada pelo Ministério da Saúde e CFM em caráter emergencial e pode ser empregada, principalmente para orientações de ciclos, prevenção da infecção por Corona 19 e eventuais medidas pre concepcionais.
Conteúdo produzindo pela Comissão Especializada Reprodução Humana
Referências:
1 - World Health Organisation (WHO) Coronavirus disease (COVID-19) outbreak webpage (https://experience.arcgis.com/experience/685d0ace521648f8a5beeeee1b9125cd)
2 - Spinelli, A., & Pellino, G. (2020). COVID-19 pandemic: perspectives on an unfolding crisis. British Journal of Surgery. doi:10.1002/bjs.11627. Acesso 20/03/2020.
3- Coronavirus Covid-19: ESHRE statement on pregnancy and conception46- Patient Management and Clinical Recommendations During The Coronavirus (COVID-19) Pandemic ASRM4
7- Ofício CFM 1756/2020
8- Portaria 467, 20 março 2020 Ministério da Saúde.