DOI: S0100-7203(12)03400106 - volume 34 - Janeiro 2012
Letícia Pacífico de Queiroz Salustiano, Angélica Lemos Debs Diniz, Vânia Olivetti Steffen Abdallah, Rogério de Melo Costa Pinto
Introdução
O leite materno é imprescindível para a proteção e promoção da saúde das crianças. As propriedades nutricionais e imunológicas do leite possuem papel fundamental no estado nutricional, crescimento e desenvolvimento dos lactentes¹. Além disso, o leite materno previne e controla morbidades na infância e vida adulta2,3. Sabe-se também que a amamentação natural é um modo insubstituível de fornecer o alimento ideal para lactentes e tem influência biológica e emocional tanto para as lactantes quanto para as crianças que o recebem.
O aleitamento materno exclusivo (AME) definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a oferta apenas de leite, sem mesmo água ou chá, permitindo-se apenas gotas de vitaminas ou medicamentos é preconizado até o sexto mês de vida das crianças. Quando estas recebem outros tipos de alimentos diferentes do leite materno antes de completar 180 dias de vida, pode-se atribuir que houve início do processo de desmame precocemente.
A adoção de diferentes estilos de vida e a introdução da tecnologia levou à redução notável na importância atribuída à amamentação e, consequentemente, ao aumento das práticas de desmame antes do preconizado4. No Brasil, é baixo o número de mães que amamentam exclusivamente seus filhos até o sexto mês e complementado até os dois anos ou mais, como recomenda a OMS5. O AME por pelo menos quatro meses tem sido raramente praticado6-8. Fatores como a inserção da mulher no mercado de trabalho, durante o processo de industrialização e urbanização, contribuíram para o aumento das práticas de desmame, principalmente devido à ausência de garantias trabalhistas e medidas de proteção. Além disso, há descrição de que o emprego de chupetas, bem como baixos níveis de educação formal materna podem promover o desmame precoce9,10.
Na iniciação do consumo de alimentos complementares (sucos, papinhas, mingaus, dentre outros), são ofertados às crianças quantidades insuficientes para suprirem as recomendações nutricionais, particularmente de micronutrientes, e se essa introdução acontece antes do sexto mês de vida da criança, os malefícios dessa conduta podem afetar ainda mais a saúde da criança, comprometendo seu estado nutricional11. Segundo levantamento feito pela OMS12, em praticamente todos os países do mundo, apenas 35% das crianças menores de quatro meses são amamentadas no peito exclusivamente, sendo esta prática aquém do que é preconizado por esta entidade.
Avaliar a situação da prática do desmame precoce pode facilitar o direcionamento dos serviços de saúde em situações preventivas para proteção, promoção e apoio ao AME até o sexto mês de vida do bebê. O presente estudo teve como objetivo descrever as características maternas e das crianças menores de seis meses no município de Uberlândia, bem como avaliar os fatores associados ao desmame precoce.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal analítico, com um plano amostral de 667 crianças menores de seis meses (datas de nascimento que abrangeram o período entre dez de fevereiro a nove de agosto de 2008), que compareceram ao segundo dia da Campanha de Multivacinação do município de Uberlândia (MG), realizada em nove de agosto de 2008. Obtiveram-se informações sobre as crianças acompanhadas pela mãe, familiares ou cuidadores. O município de Uberlândia pertence a mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, tem aproximadamente 600 mil habitantes, sendo o segundo município mais populoso de Minas Gerais, segundo o Censo de 2010.
O plano amostral foi elaborado adotando-se a proposta de Silva13 para amostras por conglomerados em dois estágios, ou seja, o sorteio das unidades e das crianças na fila de vacinação.
Os acompanhantes das crianças foram abordados na fila de vacinação e informados dos objetivos da pesquisa. Após o esclarecimento e aceitação em participar, deu-se início à entrevista. O consentimento foi fornecido verbalmente. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sob o Protocolo nº 391/08.
Os critérios de inclusão foram: comparecer no dia da segunda etapa da campanha de multivacinação; ter idade inferior a seis meses e o acompanhante da criança aceitar participar da pesquisa.
O instrumento utilizado foi elaborado e estruturado pelo Instituto de São Paulo. Para descrever a situação da criança em relação ao aleitamento materno, foram obtidas informações sobre a sua data de nascimento, situação do aleitamento materno e na vigência desta prática, se consumiu outros líquidos como água, água com açúcar, chá, leite em pó, leite de caixinha ou suco de fruta e alimentos como o mingau, papa, sopa, comida de panela, frutas e outros alimentos, no dia que antecedeu a entrevista, seguindo as recomendações da OMS para levantamentos sobre amamentação14. Todas essas informações foram coletadas de acordo com o modelo recordatório das últimas 24 horas.
Foram obtidas informações sobre a idade materna, escolaridade e trabalho materno, paridade, peso ao nascer, tipo de parto, uso de bicos ou chupeta, locais do parto e puericultura, para posterior investigação de fatores associados à duração do aleitamento materno. Consideramos como trabalho materno fora de casa qualquer mãe que se ausentou por empregos em tempo parcial ou integral de 40 horas semanais. Utilizou-se a seguinte estratificação do grau de escolaridade materna: na primeira, agruparam-se as mães cuja escolaridade era inferior a oito anos de estudo, incluindo as que nunca frequentaram escola; no segundo grupo, as que concluíram o ensino fundamental (primeiro grau), com oito ou mais anos de estudo. Quanto à paridade foram consideradas multíparas mulheres com antecedentes de dois ou mais partos. O atendimento puerperal foi realizado em serviço público de saúde, como Unidade Básica de Saúde (UBS) e Programa de Saúde da Família (PSF) ou em serviços privados.
As frequências de crianças em aleitamento materno e AME foram calculadas de acordo com a idade de 160 e 180 dias de vida. Procedeu-se à análise descritiva com valores absolutos e relativos por meio de média, desvio padrão e intervalo de confiança. Para identificação de possíveis fatores associados à interrupção do aleitamento materno entre os menores de seis meses, foram consideradas variáveis individuais, maternas ou das crianças. A presença ou ausência da associação entre o aleitamento materno e cada uma das variáveis independentes foi investigada e a significância avaliada por meio da relação de Pearson (teste do χ2) e Odds Ratio. Foi adotado intervalo de confiança de 95% para todas as análises.
Resultados
A prevalência do aleitamento materno para os menores de 120 dias e 180 dias foi de 89,5 e 85,0%, respectivamente. Na modalidade de AME, foi encontrada prevalência de 50,6 e 39,7% para menores de 120 e 180 dias, respectivamente. Em contrapartida, observou-se que 14% já estavam totalmente desmamadas.
Das crianças menores de dois meses, 95% receberam leite de peito, logo, estavam em aleitamento materno nas 24 horas que precederam o inquérito. Esse valor foi reduzido em torno de 10% quando comparado às crianças com idade entre dois e quatro meses (84,5%). Já na faixa etária igual ou superior a quatro meses e menores de seis, encontrou-se um valor de 77,2% de crianças que ainda recebiam leite materno.
O desmame total foi observado nos três intervalos etários e esteve mais evidente no grupo com idade entre quatro e seis meses, destacando que 22% dessas crianças não receberam leite materno no dia anterior a coleta de dados.
Das crianças avaliadas, 51,4% eram do sexo masculino e 48,6%, do sexo feminino; 95,1% (n=634) nasceram no município de Uberlândia. A idade média das crianças entrevistadas foi de 93 dias, com valor mínimo de quatro dias e máximo de 179 dias. A frequência de crianças que apresentaram baixo peso ao nascer (<2,500 quilos) foi de 9,5%, sendo que mais da metade nasceu com peso igual ou superior a três quilos. Quanto ao serviço de saúde utilizado para acompanhar as crianças, observou-se que houve um pequeno predomínio do atendimento puerperal no serviço público de saúde como as UBS e PSF (61,5%), ficando o atendimento privado com o restante do atendimento. Observou-se grande percentual de partos cirúrgicos (88,3%).
Do total de entrevistados, 92,8% eram as mães, e mais de dois terços pertencia à faixa etária de 20 a 35 anos (70,2%). O percentual de mães adolescentes (<20 anos) e mães com idade igual ou superior a 35 anos foi semelhante, em torno de 10%. A idade média encontrada foi pouco maior que 25 anos (26,6 anos).
Em relação à escolaridade materna, apenas duas mães (0,3%) não possuíam instrução escolar e uma parcela expressiva (86,1%) possuía oito anos ou mais de estudo concluído, o que corresponde à conclusão de pelo menos ensino fundamental (primeiro grau).
A maioria das mães não estava exercendo nenhuma atividade trabalhista fora de casa até o momento da pesquisa e 38,9% tinham emprego, sendo que destas, menos da metade (45,8%) estavam sob licença maternidade. Essa variável materna expressou associação significante (p<0,05) com o desmame precoce. As crianças cujas mães trabalhavam fora de casa, sofreram 2,7 vezes mais chances de serem desmamadas precocemente em relação às crianças cujas mães estavam presentes em casa.
Na análise univariada (Tabela 1), observou-se que os fatores mais associados ao abandono do AME em menores de seis meses foram trabalho materno fora de casa (OR=2,73; IC95%=1,744,29) e uso de chupetas (OR=4,26; IC95%=2,856,38). O fato de a mãe ser multípara (OR=0,57; IC95%=0,400,81) e recorrer ao atendimento puerperal na rede pública (OR=0,55; IC95%=0,390,79) representaram fator de proteção para a prática do aleitamento materno exclusivo. A variável uso de bicos e chupetas foi a mais associada e correlacionada com a prática do desmame precoce, no presente estudo. Houve aumento de mais de quatro vezes a chance de desmame precoce no grupo de crianças que estavam sob uso da chupeta.
Os fatores maternos como o local da residência, a via de parto, idade materna, escolaridade materna, bem como o fator de risco peso fetal ao nascimento, também foram analisados como fatores associados ao desmame precoce e estão descritos na Tabela 1.
Discussão
A coleta de dados, concomitante à Campanha de Multivacinação, mostrou-se de aplicação fácil e conveniente. A Campanha de Vacinação tem sido utilizada como local para investigação sobre grupo materno infantil por oferecer boa cobertura (acima de 90%). No ano de 2008, essa cobertura no município estudado foi de 93,69%, segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (2008)15. O conglomerado, ou seja, a concentração da população alvo em locais pré-definidos, a rapidez, a facilidade e o baixo custo são aspectos que justificam a utilização dessa estratégia para obtenção de informações referentes à prática da amamentação, sendo muito utilizada em diversos estudos16-18.
As evidências científicas que fundamentam o valor do AME nos primeiros seis meses de vida, e sua manutenção com alimentação complementar até pelo menos dois anos de vida, são inúmeras19. Contudo, em Uberlândia são escassos os estudos populacionais sobre a situação da amamentação.
Analisando a prevalência do aleitamento materno nas capitais brasileiras, e comparando-a com a do município de Uberlândia, pode-se afirmar que esta cidade está classificada em sexta posição no quesito aleitamento materno em crianças menores de quatro meses, superada apenas pelas cidades de: Macapá, Belém, São Luís, Distrito Federal e Teresina; considerando os menores de seis meses, seria rotulada como a primeira classificada no ranking de 26 cidades distribuídas em todo território nacional8. Ao compararmos os valores obtidos de AME, ressalta-se que dentre os menores de quatro e seis meses, os valores encontrados em Uberlândia superam a estimativa dos primeiros colocados em 18,4 e 22,8%, respectivamente8.
Levantamento recente feito pelo Ministério da Saúde20 destacou um acréscimo nos índices de aleitamento materno e AME de 1999 para 2008 nas capitais, Distrito Federal e outros 239 municípios. O tempo médio da duração do aleitamento materno passou de 296 para 342 dias, e a do AME, de 24 para 54 dias. Nesse mesmo estudo, observou-se que no conjunto das capitais, a prevalência do AME em menores de quatro e seis meses foi de 51,2 e 41%, respectivamente, ou seja, 0,6 e 1,3% a mais que o encontrado no presente estudo, em Uberlândia.
Pesquisadores têm tentado identificar fatores relacionados à introdução das práticas de desmame precoce10,20-25.
O quesito zona de residência, estratificado em área urbana e área rural, não se mostrou significantemente influente na introdução das práticas de desmame precoce, contudo as crianças da área rural sofreram menos o desmame que as crianças da zona urbana. É importante advertir que essa variável foi estudada isoladamente e que outros fatores associados poderão contribuir com a duração do AME, como por exemplo, o fato da mãe da zona rural dificilmente trabalhar fora de casa, logo teria mais contato com seu filho.
Há controversas na literatura sobre a relação entre introdução das práticas de desmame precoce e tipo de parto, sendo que alguns autores descreveram o parto cesáreo com variável facilitadora do desmame precoce25-27. Entretanto, tal evidência não foi observada no presente estudo, o que está de acordo com achados descritos em outros estudos acerca do tema23,28.
O peso ao nascer também tem sido bastante citado como preditor do desmame precoce. A consistência dessa hipótese se baseia no fato de que bebês de baixo peso ao nascer não seriam capazes de estimularem a produção adequada de leite do peito devido ao seu baixo poder de sucção. Outra hipótese é que os recém-nascidos de baixo peso permanecem por longos períodos em unidades de terapia intensiva neonatais, dificultando as práticas de aleitamento materno. Entretanto, no presente estudo não foi observada correlação entre baixo peso e desmame precoce, o que está de acordo com alguns autores23. Vale ressaltar que o número de crianças de baixo peso no atual estudo foi menor que 10%, o que pode ter interferido nesta análise.
Sabe-se que hospitais públicos prestam muitas informações às mães, e que práticas facilitadoras da amamentação tendem a ser encontradas com maior consistência em mães que frequentam esses hospitais, principalmente nos hospitais universitários, talvez pelo fato de estarem mais comprometidos com a educação e a ciência. Essa afirmação condiz com os achados do presente estudo, uma vez que o serviço de puericultura que serviu como fator de proteção contra o desmame precoce foi o público do município de Uberlândia.
O papel da idade materna como fator causal do desmame precoce é controverso24,28. Há autores que associam a pouca idade materna com a interrupção do AME24. Entretanto, no atual estudo esse fator não esteve significantemente associado ao início das práticas de desmame precoce.
A falta de experiência também é apontada como um fator de risco para o desmame precoce24,25,29. Atento a essa questão, o Ministério da Saúde alerta para o risco de desmame precoce entre as primíparas e enfatiza, nos manuais de treinamento da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, a necessária atenção a ser dispensada às mulheres que se enquadram nessa categoria. Segundo alguns autores, a primiparidade esteve associada à introdução precoce de outros tipos de leite diferentes do leite materno, bem como as multíparas como mais susceptíveis a amamentar exclusivamente seus filhos até o sexto mês de vida, o que está de acordo com os nossos achados21,25.
Dentre os inúmeros fatores que influenciam a prática do desmame precoce, destaca-se o trabalho materno9,10,23,29. No atual estudo, a presença da mãe em casa foi um fator de proteção importante para a prática do AME. Porém, vale ressaltar que nem sempre a presença da mãe em casa significa a ausência de trabalho, já que a mesma tem os afazeres domésticos e pode também exercer atividades profissionais em casa, o que não foi analisado no atual estudo.
No mundo moderno há maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, sendo que muitas delas exercem cargos chave e de grande importância em empresas e portanto, são expostas a longas jornadas de trabalho, além de muitas vezes não poderem lançar mão da licença maternidade de seis meses, com o risco de perderem sua posição profissional. Há situações em que a mãe é profissional liberal e tem dificuldades de se manter fora das atividades profissionais por tempo prolongado, o que interfere no aleitamento exclusivo. Entretanto, essas são situações realísticas que deverão ser ponderadas já que as mães estão em situação de conflito sob o ponto de vista de desenvolvimento, adaptação e evolução da espécie humana no contexto atual.
Há relatos de pesquisadores que encontraram uma relação inversamente proporcional entre escolaridade e práticas que favorecem o aleitamento materno10,25,28,30. Essa tendência, provavelmente, é devida à maior valorização dos benefícios da prática do aleitamento materno nas classes mais favorecidas econômica e culturalmente. Há controvérsias, se considerarmos que as mulheres mais instruídas trabalham e ocupam cargos cada vez de maior responsabilidade, o que implicaria em menos tempo disponível para permanecerem com os filhos e claro, para amamentá-los. Nesse estudo, a variável escolaridade materna não se mostrou associada à interrupção precoce do desmame, e diferentemente do descrito acima, as crianças cujas mães não completaram oito anos de estudos estão discretamente mais protegidas quando comparadas com crianças cujas mães completaram oito ou mais anos de estudo.
O uso de bicos e chupetas está constantemente associado às práticas de desmame precoce21-24,30,31, numa magnitude tão expressiva que entre os dez passos para o sucesso do aleitamento materno, a nona sugestão é a não oferta de bicos ou chupetas às crianças amamentadas ao seio. No presente estudo, encontrou-se uma forte correlação entre uso de bicos e chupetas com a interrupção do AME.
Vale ressaltar que, no atual estudo, não foi feita análise multivariada dos dados para avaliação dos fatores causadores ou protetores do desmame materno precoce, tendo em vista que a análise foi univariada.
Há muito que avançar no que diz respeito aos fatores indicativos do desmame precoce na região estudada. Espera-se que as ações realizadas no município de Uberlândia, pelas três esferas do governo, nestes últimos anos, surtam resultados positivos na prática da amamentação no município. Isso poderá ser evidenciado em estudos posteriores a este e com metodologia semelhante e de caráter comparativo.
Algumas ações podem contribuir significativamente para o aumento da duração do AME e do aleitamento materno continuado por dois anos ou mais, como preconizado pela OMS. Destaca-se dentre essas ações, o direcionamento de práticas que favoreçam a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, principalmente às mães primíparas, que trabalham fora de casa, que oferecem chupetas às suas crianças e cujo atendimento puerperal frequentado é o privado.
Conclui-se que as prevalências do aleitamento materno e AME no município de Uberlândia estão entre as maiores do país e que os fatores mais frequentemente associados à prática de desmame precoce foram trabalho materno fora de casa, oferta de bicos ou chupetas as crianças, atendimento puerperal efetuado no serviço privado e primiparidade.
Recebido 26/08/2011
Aceito com modificações 15/12/2011
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Uberlândia UFU Uberlândia (MG), Brasil.