Agosto Dourado - Ginecologistas e Obstetras do Brasil assumem vanguarda da defesa da amamentação

Quinta, 02 Agosto 2018 16:08

Instituído em 2017, o mês celebra o leite materno como alimento de ouro para a saúde dos bebês

 

        Todos os estudos científicos publicados mundialmente comprovam que o leite materno é o único alimento completo para o recém-nascido durante os seis primeiros meses. Também é importantíssimo para a garantia de uma existência mais saudável, quando suplementado com outros alimentos até os dois anos ou mais.

        A amamentação protege a criança, evitando doenças físicas e mentais, diminuindo a mortalidade infantil e a subnutrição. É um ato de amor que só faz bem ao bebê, além de trazer benefícios também para a mãe. Só não é um ato instintivo: um profissional de saúde qualificado deve ensinar a mulher como fazê-lo de maneira correta.

 “A mulher pode amamentar sentada, deitada ou até em pé. O bebê pode permanecer sentado, deitado ou até em posição invertida (entre o braço e o lado do corpo da mãe), sempre sob orientação profissional. O fundamental é que ambos estejam confortáveis e relaxados”, pontua o obstetra Corintio Mariani Neto, presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno e diretor Administrativo/Financeiro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

        Há sinais indicativos básicos da posição correta da criança, conforme complementa Corintio. O corpo e a cabeça devem estar alinhados, de modo que o lactente não necessite virar o rosto para pegar a mama.

        Outros indicativos: o bebê deve estar com o rosto de frente para o peito, com a barriga voltada para a barriga da mãe. A aréola deve estar quase toda dentro da boca do bebê e o queixo encostado na mama. Ao sugar, os lábios ficam voltados para fora, a língua por baixo do mamilo e as bochechas ficam redondas. A criança mostra-se tranquila, com sucção lenta, profunda e ritmada, com períodos de atividade e pausa.

        Toda mãe se preocupa com o peso de seu filho. Mas é normal que o recém-nascido perca cerca de 10% de peso nos primeiros dias de vida. Em pouco tempo, ele recuperará e deve ganhar entre 18 e 30 gramas por dia, chegando mesmo a engordar 500 gramas no mês.

“A questão do ganho de peso é muito discutida entre os profissionais que lidam com a amamentação. Causa comum de ganho de peso insatisfatório em criança amamentada exclusivamente com leite materno pode ser um erro na técnica de aleitamento”.

        Ainda em relação ao ganho de peso, as mulheres lactantes devem ter uma alimentação balanceada, rica em proteínas e minerais, consumindo carnes magras, verduras e frutas. Entretanto, assim como na gravidez, há de se levar em conta que durante a lactação as necessidades de alguns nutrientes aumentam.

“Sabe-se que a concentração de diversas vitaminas e sais minerais, tanto no plasma quanto no leite materno sofre influência da dieta e do estado nutricional da puérpera. Os nutrientes mais críticos incluem vitamina A, tiamina, riboflavina, vitaminas B6 e B12, iodo e selênio, uma vez que o consumo inadequado e as reservas maternas baixas podem repercutir negativamente na criança. Nestes casos, a suplementação materna costuma normalizar rapidamente a concentração desses produtos no leite. As lactantes vegetarianas ou submetidas à cirurgia bariátrica merecem atenção maior pelo risco aumentado de deficiência de nutrientes”.

        Outra preocupação das mulheres é quanto à quantidade e qualidade do leite materno. Para Corintio, basta seguir alguns conselhos básicos:  mamadas sem horários fixos (livre demanda), não alternar os lados na mesma mamada (a criança suga o mesmo peito até se saciar), não oferecer outros líquidos (água, chá) durante o aleitamento materno exclusivo e não substituir a mamada noturna por mamadeira, entre outros.

        Sempre que houver um problema, a mãe deve procurar orientação profissional, por exemplo, num Banco de Leite Humano (BLH).

“Todas as mães deveriam ser orientadas para retirar o excesso de leite de forma adequada (expressão manual, mecânica ou elétrica), conservá-lo em freezer por até 15 dias e doá-lo para um BLH. Assim, estarão ajudando a salvar a vida de recém-nascidos prematuros internados em UTIs neonatais”.

        Vale frisar que a produção de leite materno é tanto maior quanto mais frequentes são as mamadas, pois a sucção do peito pela criança é o maior estímulo para a produção contínua de leite.

     Isso ocorre através do reflexo que determina elevação da produção de prolactina, hormônio responsável pela lactogênese, pela hipófise materna. Novamente, a falta de orientação profissional adequada pode levar à baixa produção de leite devido ao pequeno número de mamadas diárias.

       Algumas mulheres se queixam de dor durante a amamentação. Quando isto ocorrer, é fundamental procurar orientação médica adequada, pois, a dor constitui uma das principais causas de desmame precoce.

        Porém, certos episódios podem mesmo provocar desconforto, como a presença de fissuras nos mamilos, geralmente decorrentes de técnica incorreta de aleitamento.

        Às vezes, não há traumas mamilares e a dor pode ocorrer por outros motivos, como o “fenômeno de Raynaud”, decorrente de um vasoespasmo que reduz o fluxo de sangue nas mamas, levando à isquemia intermitente nos mamilos.  

       Em geral, isto ocorre como resposta ao frio ou compressão anormal dos mamilos na boca da criança. Os mamilos apresentam-se pálidos pela falta de irrigação sanguínea e a dor se manifesta como uma fisgada antes, durante e após as mamadas.

 “Quando unilateral, a mãe pode oferecer o lado saudável e ordenhar o leite do outro peito, enquanto for doloroso mamar do lado afetado. De qualquer modo, o diagnóstico e a orientação devem ser estabelecidos preferencialmente por gineco-obstetra ou pediatra.”

        Enfim, os benefícios da amamentação para as mulheres vão desde o menor sangramento pós-parto e, consequentemente, menor incidência de anemias, até efeito contraceptivo por seis meses, desde que em aleitamento materno exclusivo nas 24 horas do dia e ainda não ter menstruado. Portanto, maior intervalo entre as gravidezes.
        
Como, infelizmente, a média de aleitamento exclusivo no Brasil é de pouco mais de 50 dias, o bom senso recomenda uso de outro método contraceptivo, a partir de seis semanas pós-parto. Podem ser usados preservativos, métodos mecânicos ou hormonais sem estrogênio, que pode alterar a quantidade e a qualidade do leite, especialmente, durante o aleitamento exclusivo. Para tanto, podem ser usados anticoncepcionais que contenham apenas progestagênio.

“A mãe também tem recuperação mais rápida do peso pré-gestacional, menos anemia, menor prevalência de câncer de mama, de ovário, diabete e doença cardiovascular”, informa Corintio.

“Algumas apresentam o bico do seio invertido (para dentro). Com frequência, uma avaliação médica constata tratar-se de mamilo pseudoinvertido. Nesta situação, exercícios e estímulos locais provocam a protrusão mamilar suficiente para permitir uma pega adequada. Nunca é demais lembrar que a pega deve ser na aréola, não no mamilo. Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmente”.

       Corintio adverte ainda, que a lactação só deve ser suspensa em casos excepcionais, por indicação médica, como, por exemplo, portadoras do vírus HIV ou puérperas submetidas a tratamento quimioterápico, entre outros.

 


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