Fórum sobre obstetrícia no CFM.

Quinta, 10 Maio 2018 10:26

Evento teve o tema “Alinhando valores e práticas”. Debateu tópicos essenciais para pacientes e médicos como humanização do parto

        A Diretoria da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) foi uma das protagonistas do Fórum Assistência Obstétrica no Brasil, realizado no CFM (Conselho Federal de Medicina), em 24 de abril, sob o tema “Alinhando valores e práticas”.

 

        O Diretor Científico da Federação, Marcos Felipe de Sá, participou da abertura representando o presidente, César Eduardo Fernandes.

 

        “Foi uma interessante iniciativa do CFM realizar o fórum, pois houve aproximação do Conselho com as outras entidades médicas e sociedades de especialidades. Nas apresentações a maioria dos palestrantes destacou que é preciso, na assistência pré-natal e ao parto,   trabalhar de forma integrada com outros profissionais da saúde como  enfermagem, psicologia e terapeuta, por exemplo, para atender melhor a paciente, desde que não haja interferência nas competências privativas de cada área profissional. O parto precisa de uma equipe multiprofissional, certamente”, declara Marcos Felipe.

 

        Ainda segundo ele, é preciso reconhecer que “seguem em pauta diversos problemas referentes à chamada  violência obstétrica”.  É fundamental registrar que não aceitamos a “pecha” de que o obstetra pratica violência contra a mulher grávida.  O  médico sim sofre violência quando é obrigado a trabalhar  em  locais onde não existem  condições adequadas para atender à paciente, quando não existe leito para interná-la, quando não há medicamentos nas prateleiras. Todo este processo é uma truculência não só contra a paciente, mas também  contra os profissionais da saúde que a assistem.  

        Por outro lado, nós precisamos olhar para o que é nossa responsabilidade. Não há dúvidas de que temos que investir na formação profissional dos médicos que assistem o parto.

        Algumas práticas obstétricas que eram plenamente aceitáveis e indicadas décadas atrás não são mais recomendadas nos dias de hoje. Há uma tendência a ser menos intervencionista na assistência ao parto. É compreensível que alguns obstetras que tiveram a formação naquele modelo resistam às mudanças propostas pela medicina moderna e exigidas pela sociedade nos dias de hoje. Contudo, é preciso oferecer oportunidades por meio de programas de educação continuada para que os obstetras se atualizem. A Febrasgo edita duas revistas, RBGO e FEMINA, totalmente dedicadas à divulgação do conhecimento científico em GO e que são disponibilizadas a todos os profissionais brasileiros, com acesso livre e gratuito.

 

        Marcos Felipe também ressalta que a FEBRASGO está em franca campanha para melhorar a formação dos médicos residentes em GO: “Muitas escolas não têm infraestrutura adequada para a formação. Algumas sequer têm hospitais-escola para o treinamento de seus alunos e residentes. Muitos cursos médicos não oferecem residência médica ou então não oferecem  vagas para todos os seus formandos. .  “O projeto  da FEBRASGO não é só atuar junto aos novos  profissionais, mas também  colaborar com a Comissão Nacional de Residência Médica, oferecendo a “expertise” de seus associados no sentido de oferecer programas de educação continuada,  à distância ou presencial,  especialmente para os preceptores de residência médica de todo o Brasil. O investimento nos preceptores certamente trará reflexos positivos para os programas de Residência Médica em GO já implementados no país”.

 

        O Diretor Financeiro da FEBRASGO, Corintio Mariani Neto, diretor técnico e coordenador científico do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, foi o conferencista em “Situação atual das maternidades públicas”, e Etelvino de Souza Trindade, integrante da Comissão de Defesa Profissional da FEBRASGO, presidiu a mesa.

 

        Para Corintio, “o financiamento insuficiente da saúde pública repercute no atendimento ao paciente e no trabalho do profissional, que muitas vezes é responsabilizado pela precariedade. Temos o binômio falta de recurso e má gestão em todos os níveis. O risco de morte neonatal é quase três vezes maior na rede pública do que na privada e são nos hospitais públicos onde se realiza o maior volume de partos, principalmente de alto risco. Isso é extremamente preocupante.”

 

        Mas, conforme completa o próprio Corintio, é possível manter a qualidade da assistência à saúde na rede pública com envolvimento da gestão local, equipe motivada, treinamento dos recursos humanos disponíveis, além da mudança cultural sobre a qualidade do serviço público e persistência diante dos reveses.

 

        Em outra mesa, Olímpio Barbosa de Moraes Filho, da Comissão Nacional de Pré-Natal da FEBRASGO, foi o palestrante em “No SUS: equipe multiprofissional”. Já o diretor de Defesa e Valorização Profissional da entidade, Juvenal Barreto Borrielo de Andrade, falou sobre “O papel das Associações de Especialidades”, enquanto Alberto Trapani Júnior, da Comissão de Assistência ao Parto, Puerpério e Abortamento da FEBRASGO, ministrou palestra sobre Pré-Natal.

 

        O Fórum contou com a participação de especialistas que trataram de questões primordiais para o bem-estar das pacientes, dos recém-nascidos e dos obstetras, como situações de violência, sistematização de protocolos, mortalidade materna, financiamento da saúde e precariedade do sistema.

 

        O presidente do CFM, Carlos Vital, fez a abertura oficial. Observou que a assistência obstétrica precisa de gestão e planejamento.

 

        “É uma questão de saúde pública, mas é preciso reconhecer as devidas competências e responsabilidades na assistência à parturiente. Sendo primordial destacar que a obstetrícia é absolutamente necessária, pois se destina aos cuidados com as gerações futuras deste país.”

 

        Entre os temas abordados, a humanização da assistência ao parto foi um dos destaques. Os especialistas apontaram que é preciso adequação hospitalar e atendimento personalizado para a gestante e que o ciclo de violência precisa ser solucionado e, mesmo com limitações financeiras, é possível reverter o quadro com integração da equipe e acolhimento.

 

 


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