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MOLA e Gravidez na Adolescência – um problema brasileiro

Quarta, 13 Setembro 2017 17:12
A gravidez na adolescência – período definido pela OMS como o grupo de idade entre 10 e 19 anos – é um problema de saúde pública, uma vez que gravidez nessa faixa etária está muito longe do momento para reprodução, tanto do ponto de vista biológico, como social ou psicológico.

 Os riscos de uma gravidez em uma idade precoce são bem conhecidos (prematuridade, baixo peso, complicações médicas como anemia, pré-eclampsia, etc) e contribuem para a crescente prevalência de gestações de alto-risco e de mortalidade materna, uma vez que as adolescentes começam os cuidados pré-natais mais tarde ou simplesmente não os recebem.

O impacto psicosocial da gravidez da adolescência é ainda muito mais significativo do que o impacto dos problemas médicos. Quando são acrescidas a todas essas dificuldades um diagnóstico de uma frustada gravidez, a gestação molar com suas implicações, são intensificados os problemas emocionais das gestantes adolescentes.

O termo Doença Trofoblástica Gestacional abrange um grupo de doenças que requerem seguimento prolongado, anticoncepção sistemática e, em cerca de 20% dos casos as pacientes necessitam receber quimioterapia antineoplásica, acrescentando o estigma social que o tratamento de uma neoplasia acarreta.

Estudos epidemiológios indicam que a DTG é mais prevalente entre as mulheres de baixa-renda em países em desenvolvimento e é mais frequente nas mulheres adolescentes ou que engravidam além dos 40 anos.

Em recente trabalho comparando Centros de Referência sul-americanos e norte-americanos, o percentual de gravidez molar em adolescentes foi muito maior, ultrapassou 30% na América Latina, enquanto na América do Norte esse índice foi cerca de 13%.

Dos 2190 casos de DTG atendidos em 32 anos no Centro de Doença Trofoblástica de da ISCMPA, o percentual de adolescentes foi também elevado (25%).


Quando uma gravidez molar é diagnosticada, as pacientes necessitam cuidados médicos adequados e precoces, para reduzir as complicações médicas associadas à DTG com tempo de evolução após 12 semanas (anemia significativa pelo sangramento vaginal, pré-eclampsia, hiperemese, cistose ovariana); necessitam também de apoio emocional para que, uma vez encerrado o controle pós-molar, tenham recuperado a saúde, possibilitando um futuro reprodutivo normal.

Tanto o apoio da família, do parceiro, como a participação em grupos de ajuda são itens fundamentais para a recuperação da saúde de qualquer mulher com DTG. Nos grupos de ajuda as adolescentes terão também um melhor entendimento da gravidez molar, uma vez que lhes é possível um maior contato com outras pacientes acometidas pela mesma doença e em diferentes fases do acompanhamento (iniciando o seguimento, recebendo alta, tratando doença complicada, ouvindo outros depoimentos, vivenciando o exito de outras gestações).


Uma vez que a causa da gravidez molar ainda é desconhecida, a prevenção primária consiste em evitar a gravidez. No tratamento das pacientes com DTG todos os esforços devem ser direcionados para a prevenção secundária (diagnóstico precoce) e prevenção terciária (tratamento adequado para reduzir complicações), tanto da gravidez molar como da evolução para neoplasia trofoblástica gestacional.
Com esses objetivos, todas as pacientes, adolescentes ou não, devem ser encaminhadas para acompanhamento em Centros de Referência, nos quais uma equipe habilitada, personalizada e multiprofissional trabalha em conjunto, visando atingir a recuperação da saúde, a preservação da fertilidade e a melhora na qualidade de vida das pacientes com DTG.  

 





Bibliografia consultada/recomendada

Uberti EMH, Diestel MCF, Lübbe  LP, Zubaran GM, Costa PL. Controle ambulatorial pós-Molar: importância da motivação continuada e do atendimento personalizado na adesão da paciente ao tratamento. RBGO. 1992;6:267-271.

Uberti EMH, Diestel MCF, Guimarães FE, Goloubkova T, Rosa MW, de Nápoli G. Gestational Trophoblastic Disease: one more risk in adolescent pregnancy. Acta Obstet Gynecol Scand. 2002;81:356-363.

Diestel MCF, Uberti EMH, Lacerda ME, Spagnol LO, Silva IL. Aspectos psico- sociais da Doença Trofoblástica Gestacional: importância dos “Grupos de Ajuda”. Acta Oncol Brás. 2002;22:245-249.

Uberti EMH, Fajardo MC, Vieira da Cunha AG, Ferreira SVR, Pires LV. Doença Trofoblástica Gestacional: peculiaridades do diagnóstico, manejo e complicações. In: Urbanetz AA e Luz SH Eds. PROAGO – Programa de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia. 2011. Ciclo 7. Módulo 4. Pp 51-105.

Braga Neto AR, Grillo BM, Silveira E, Uberti EMH, Maestá I, Madi JM, Andrade JM, Viggiano MGC, Costa OLN, Sun SY. Doença Trofoblástica Gestacional. In: Ginecologia e Obstetrícia – Febrasgo para o médico residente. Urbanetz AA (Coordenador). São Paulo: Editora Manole, 2016. pp. 907-42.

Soares RR, Maestá I, Colón J, Braga A, Salazar A, Charry RC, Sun SY, Goldstein DP, Berkowitz RS. Complete molar pregnancy in adolescents from North and South America: clinical presentation and risk of gestational trophoblastic neoplasia. Gynecologic Oncology 2016, in press.

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