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Disfunção Erétil

Quarta, 12 Julho 2017 10:10
A ereção é um fenômeno complexo que depende de um delicado e complicado equilíbrio entre os sistemas neurológico e vascular. Isso inclui a dilatação arterial, o relaxamento da musculatura lisa peniana e a ativação do mecanismo veno-oclusivo do corpo cavernoso 1.
 
Disfunção Erétil (DE) é uma condição que afeta homens de todas as idades, sendo definida como a incapacidade persistente em obter e manter uma ereção suficiente, que permita uma atividade sexual satisfatória3, causando um grande impacto em sua qualidade de vida e do casal 2.

A DE afeta mais de 150 milhões de homens no mundo. Registros literários, anteriores a 2.000 a.C. evidenciam relatos de DE, porém, as opções de tratamento eficazes surgiram, apenas, a partir do início da década de 605. Em homens abaixo dos 40 anos, sua prevalência está em torno de 1 a 10 %, enquanto atinge 50% no grupo de 40 a 70 anos 3,4.

Muitos fatores de risco estão associados a DE, incluindo alterações metabólicas, vasculares, psíquicas e farmacológicas 5. Alterações psicológicas como o stress, a ansiedade e a depressão 6 agem no organismo promovendo atividades neurovasculares, intermediadas pelo sistema simpático, que impedem o processo de ereção. Outros fatores associados a DE de causa psicogênica são: as dificuldades conjugais, perda de emprego, perda de cônjuges ou parentes próximos, ejaculação precoce de longa duração, falta de desejo sexual, ansiedade de desempenho, baixa auto-estima7.

Alterações dos níveis séricos da testosterona, decorrentes de alterações no eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal, por deficiência de secreção de hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH), falência testicular ou hipersecreção de prolactina podem levar a diminuição da libido, ereções com rigidez incompleta8.  Disfunções tireoidianas como hipo e hipertiroidismo estão associadas ao desenvolvimento de queixas sexuais. O hipertireoidismo está mais associado a redução do desejo sexual, enquanto o hipotireoidismo se associa mais a DE.

As doenças degenerativas (Esclerose Múltipla, Epilepsia, Doença de Parkinson ou Alzheimer), doenças vasculares (Acidente Vascular Cerebral, Aneurismas e Arteriosclerose) e traumas são causas de disfunção de DE e necessitam ser investigada clinica ou laboratorialmente antes de classificar a DE como sendo de origem psíquica. 

Na maioria dos pacientes com DE a anamnese costuma ser suficientes para o diagnóstico da causa aproximada da disfunção. Por exemplo, a presença de ereções noturnas ou à masturbação são suficientes para comprovar a integridade orgânica.  Alguns pacientes necessitam de uma investigação mais aprofundada. A solicitação de exames laboratoriais é importante para pacientes com queixas e com fatores de risco para o desenvolvimento de DE. Dentre os exames primordiais estão a glicemia de jejum ou hemoglobina glicada, perfil lipídico e dosagem de testosterona total matinal. Em casos de testosterona sérica abaixo do normal (pelo menos duas medidas), deve-se solicitar a dosagem da testosterona livre e biodisponível. No entanto, sabe-se que na grande maioria dos casos é necessário um hipogonadismo bastante severo para promover sintomas de DE 9, 10-12. Para níveis > 8 nmol/L a relação entre a testosterona sérica e disfunção erétil é muito baixa 9, 10-12. Testes laboratoriais adicionais podem ser considerados em alguns pacientes como PSA53, prolactina e hormônio luteinizante (LH) 13.




Escrito por: Sidney Glina: Urologista, Professor Titular da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC, orientador permanente da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, Diretor do Instituto H. Ellis. Membro da Comissão de Sexologia.
Eduardo Augusto Corrêa Barros: Urologista, Médico Assistente da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC




Referencias

  1. Gratzke C, et al. Anatomy, physiology, and pathophysiology of erectile dysfunction. J Sex Med 2010 7(1 Pt 2): p. 445-75.
  2. Litwin MS, Nied RJ, Dhanani N. Health-related quality of life in men with erectile dysfunction. J Gen Intern Med. 1998; 13:159–66.
  3. Shamloul R, Erectile H. Erectile dysfunction. Lancet 2013 381: 153–65
  4. Pushkar' DIu, Kamalov AA, Al'-Shukri SKh, Erkovich AA, Kogan MI, Pavlov VN, et al. Analysis of the results of epidemiological study on prevalence of erectile dysfunction in the Russian Federation. Urologiia 2012;(6): 5-9.
  5. Patel DV, Halls J, Patel U. Investigation of erectile dysfunction. Br J Radiol 2012; 85:S69-78.
  6. Feldman HA, et al. Impotence and its medical and psychosocial correlates: results of the Massachusetts Male Aging Study. J Urol 1994 151(1): p. 54-61.
  7. GLINA, S.; ANKIER, C. Disfunção sexual masculina. In: LOPES, A. C. Tratado de Clínica Médica. São Paulo: Roca, 2006. v. 2, p. 2950-2964.
  8. REHMAN, J.; MELMAN, A. Fisiopatologia das principais causas de disfunção erétil. In: GLINA, S.; PUECH-LEÃO, P.; REIS, J. M. S. M.; PAGANI, E. Disfunção Sexual Masculina. São Paulo: Instituto H. Ellis, 2002. p. 59-79.
  9. Buvat J, et al. Endocrine aspects of male sexual dysfunctions. J Sex Med 2010 7(4 Pt 2): p. 1627-56.
  10. Bhasin S, et al. Testosterone therapy in men with androgen deficiency syndromes: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab 2010 95(6): p. 2536-59.
  11. Isidori AM, et al. A critical analysis of the role of testosterone in erectile function: from pathophysiology to treatment-a systematic review. Eur Urol 2014 65(1): p. 99-112.
  12. O'Connor DB, et al. The relationships between sex hormones and sexual function in middle-aged and older European men. J Clin Endocrinol Metab 2011 96(10): p. E1577-87.
  13. Maggi M, et al. Hormonal causes of male sexual dysfunctions and their management (hyperprolactinemia, thyroid disorders, GH disorders, and DHEA). J Sex Med 2013 10(3): p. 661-77.
 

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